Entrevista a Quitéria Roriz, líder do PSD em Santo Tirso
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Entrevista a Quitéria Roriz, líder do PSD em Santo Tirso

Imagem: Diário de Santo Tirso

Quitéria Roriz, 32 anos, natural do concelho de Santo Tirso, estudou Serviço social em Instituto Superior de Serviço Social do Porto, neste momento trabalha como Assistente Social na empresa ASAS. Faz hoje precisamente um ano que foi eleita Presidente da Comissão Politica do PSD de Santo Tirso.

O Diário de Santo Tirso entrevistou a líder do Partido Social Democrata de Santo Tirso para conhecer um pouco melhor a posição e aspiração do partido em Santo Tirso e também para conhecer a sua opinião sobre a situação geral que vivemos quer em Santo Tirso quer no país.

Diário de Santo Tirso: É Presidente da Comissão Política do PSD há precisamente um ano. O que tem feito, como líder da oposição em Santo Tirso, para combater o Partido Socialista, no poder há 38 anos?

Quitéria Roriz: Verdade há 38 anos consecutivos que somos oposição no órgão executivo municipal, variando sempre no número de mandatos neste e na Assembleia Municipal.

Quer queiramos quer não, o primeiro ano de mandato desta Comissão Política fica marcado pela Pandemia da COVID-19 e consequentemente a maior parte do trabalho realizado foi também nesse sentido. Quando temos que apoiar medidas e propostas para benefício dos Tirsenses, apoiamos; porém apresentamos inúmeras propostas em sede de Câmara Municipal e Assembleia Municipal e algumas das quais foram até acolhidas e colocadas em prática. Mas a verdade é que por vezes (várias vezes) ficam dentro das quatro paredes de uma sala de reuniões ou do Salão Nobre onde se realizam as Assembleias Municipais porque não é dito nem esclarecido o público sobre a origem das medidas que vêm implementadas. Temos a convicção que o Diário de Santo Tirso mudará esse paradigma.

Foi pela mão do PSD que a situação da Direção do ACES Santo Tirso/Trofa avançou. Não estamos a plantar nenhuma bandeira a vangloriar-nos. Mas foi! Digam o que disserem, os factos são que o PSD levantou o assunto na Assembleia da República (sem resposta), tentou uma reunião com a ARS Norte e apenas teve resposta aos emails e a população teve resposta ao seu problema, quando (também o PSD), insistiu no assunto em Assembleias de Freguesia e na Assembleia Municipal. Dois dias após a Assembleia Municipal estava agendada a reunião na ARS Norte e em menos de 1 mês era pública a nomeação de um novo Diretor, que parabenizamos e a quem desejamos muito sucesso. Cada um que faça a leitura que entender, mas relembro só que a situação de ausência de direção se arrastava desde junho de 2020 e que até esse momento, estava em funções uma Direção demissionária desde 2018…

Além do mais, a atual Comissão Política tem como premissa fazer uma oposição baseada em apresentação de propostas e alternativas. Não estamos interessados em criticar apenas para disso fazer notícia. O que nos move são os ideais da Social-Democracia, sobre os quais estamos certos que o concelho evoluirá e os Tirsenses terão muito a ganhar.

 

DSTS: As próximas eleições autárquicas são já daqui a dez meses. O PSD já tem candidato para defrontar o atual Presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa e esperado candidato pelo PS?

Quitéria Roriz: O seu, a seu tempo. Além de candidato ou candidata, é bom que as pessoas compreendam ao que vamos e as casas não se constroem pelo telhado. Bem sei que este assunto gera bastante curiosidade e ansiedade, mas uma Comissão Política não pode trabalhar nem divulgar projetos em função de pressões ou curiosidades.

 

DSTS: Há divisões internas no partido a nível local? José Pedro Miranda e Andreia Neto farão parte das listas para as próximas eleições?

Quitéria Roriz: Somos um partido político. Mais importante do que o que se diz (nem sempre verdade) sobre o funcionamento interno do partido, é o que juntos podemos representar para as pessoas.

Perguntem aos Tirsenses o que pensam sobre as divisões internas do partido A ou B (sim, porque o PS também terá as suas divisões certamente). As pessoas nem querem saber de tricas partidárias, querem é que lhes dêem soluções reais e exequíveis para o dia-a-dia.

DSTS: Qual o objetivo para o PSD em Santo Tirso nas próximas eleições autárquicas?

Quitéria Roriz: O objetivo é ganhar as eleições! Só pode ser esse o objetivo! Realista e objetivamente ganhar e alcançar o maior número de mandatos em todos os órgãos autárquicos.

 

DSTS: Como avalia a prestação do executivo municipal dos últimos 18 meses, desde que Alberto Costa tomou posse após a renúncia de Joaquim Couto, na sequência da Operação Teia?

Quitéria Roriz: Bem, dissemos e repito: é uma legitimidade encapotada, pois as pessoas elegeram Joaquim Couto para Presidente de Câmara e não o atual inquilino do Partido Socialista. Que também é arguido noutro processo judicial e importa que não esqueçamos os factos. É o desgaste de 38 anos de poder que controlam tudo e todos, mas de vez em quando o pneu fura!!!

A prestação do atual executivo é “mais do mesmo”. O estilo mudou porque mudou o figurino, mas a estratégia socialista mantém-se e o fraco desenvolvimento do nosso concelho também.

Nos últimos meses a página do município foi invadida por fotografias de realização de obras (que timing interessante este…), nomeadamente as estradas em terra, mas não deixa de ser lamentável que quase a entrarmos em 2021 ainda existam estradas em terra num concelho que se quer desenvolvido (e nem vamos voltar a falar do saneamento básico, que chega a ser vergonhoso ainda ser assunto)!

 

DSTS: Santo Tirso foi notícia a nível nacional durante várias semanas em maio e junho do ano passado devido à detenção de Joaquim Couto, presidente da câmara na altura, e da sua mulher, por suspeitas de corrupção. Na sua opinião esse assunto já caiu no esquecimento ou as pessoas terão isso em conta nas próximas eleições?

Quitéria Roriz: Não me parece que tenha caído no esquecimento. Nem poderia ser de outra forma. É um tema que é tão sensível quanto grave e sobretudo que diz respeito a todos nós, Tirsenses.

Se as pessoas sentirem que a mudança é credível, que lhes dá a segurança necessária para as soluções aos seus problemas… não esquecem.

Neste momento é um assunto entregue à justiça.

 

DSTS: O que pode o PSD de Santo Tirso fazer de diferente relativamente à gestão socialista?

Quitéria Roriz: Em democracia ninguém é eterno e insubstituível. A alternância é necessária e desejável, até para não haver posições dominantes e abusos de poder. Temos que evidenciar que há vida em Santo Tirso para além do PS. Porque há! O Partido Socialista não é dono da nossa terra.

Primeiro as pessoas, pensando sempre no território como um todo.

O PSD pode desde logo representar a mudança! Ideias e projetos renovados. A seu tempo as pessoas poderão conhecer as propostas do PSD. Temos já algumas medidas que foram apresentadas ao atual Presidente de Câmara, tais como:
– Renegociação do contrato de abastecimento de água, com uma redução efetiva de cerca de 20% para os munícipes;
– Criação de vias cicláveis e pedonais, nomeadamente da fronteira de Riba D´Ave até Caniços (pela margem do Rio Ave pertencente ao nosso município), bem como na margem do Rio Vizela até Vila Nova do Campo;
– Promoção do “Caminho de São Rosendo”, como forma de dar a conhecer os monumentos, gastronomia e cultura local;
– Criação de novas zonas de estacionamento gratuito, bem como a requalificação das zonas de estacionamento já existentes;
– Requalificação do espaço da feira semanal;
– Execução do projeto para o Cine Teatro de Santo Tirso;
– Construção de infraestruturas de energias renováveis em escolas e edifícios públicos instalados no nosso município, contribuindo para uma maior eficiência energética.

Mas salientamos que algumas das Grandes Opções do Plano e Orçamento Municipal para 2021 contemplam propostas apresentadas pelo PSD. Não temos medo de partilhar as ideias que temos, se isso trouxer benefícios à nossa terra e à nossa gente. O PS fica com “os louros”? Possivelmente, mas continuamos a combater uma Comunicação Social enviesada, procurando que chegue até às pessoas a origem dos projetos.

 

DSTS: Santo Tirso está num ponto central, entre o Porto e Braga, entre Famalicão e Trofa e com uma autoestrada às portas da cidade. Como classifica a evolução da cidade e do concelho relativamente aos seus vizinhos nos últimos anos e nas últimas décadas?

Quitéria Roriz: Santo Tirso está excelentemente bem localizado no Vale do Ave e na Área Metropolitana do Porto, fazendo a ponte nestes territórios! Temos que ter muito orgulho em sermos Tirsenses, mas não estamos sozinhos. Ou seja, o que tem acontecido é que o Partido Socialista tem governado o “nosso quintal”, como se os outros, os vizinhos não existissem!! Temos que perceber e acrescentar valor competitivo para nos diferenciarmos e crescermos.

Se não repare: qual a razão pelo qual as pessoas não se fixam, principalmente os mais jovens no nosso concelho? Tudo é caro e escasso! Temos que aprender a criar riqueza, opções habitacionais acessíveis, pois estas criam postos de trabalho e tudo o resto melhora.

 

DSTS: O comércio local em Santo Tirso vive tempos de desespero e de emergência. Há empresários a serem obrigados a usar dinheiro pessoal para manter os postos de trabalhos e os negócios a funcionar. O governo tem gerido bem esta pandemia?

Quitéria Roriz: Não é fácil estar na posição de um governante. Pois desde o início da pandemia, e também pelo desconhecimento da mesma, existiram muitas derivas e há muitos fogos para apagar. Somos um país inserido na economia global e muito frágil. Por exemplo, a nossa zona é fortemente empreendedora e exportadora e vive as consequências desta pandemia nessas áreas. O país em geral vivia muito para o turismo, mas afinal o vírus acabou com muita coisa. São precisas muitas ajudas e apoios e não há bazuca para tantos pedidos.

O PSD em nome do interesse nacional (e concelhio) apoiou e apoiará várias medidas, mas não passamos cheques em branco e muito menos sem cobertura, sem provisão.

Primeiro a Saúde e desde logo as medidas de apoio económico e social. É terrível o que está a acontecer aos comerciantes. É terrível e agora é tempo do Estado e a Autarquia abdicarem de algumas receitas e canalizar em despesas na ajuda aos empresários e comerciantes, como aliás tem sido proposto pelo PSD de Santo Tirso.

 

DSTS: Em Santo Tirso o executivo municipal tem lançado quase todas as semanas medidas para ajudar a combater os efeitos da pandemia na economia local. Tem feito tudo o que está ao seu alcance?

Quitéria Roriz: Já o disse ao Presidente de Câmara e assumo publicamente que a gestão de toda a situação epidemiológica é muito mais difícil na realidade do que no plano das conjeturas. Não obstante, estamos há 9 meses a viver com esta realidade. Aquilo que foi uma surpresa (desagradável) em março, abril e maio de 2020; não pode continuar a ser desculpa nos meses que se sucederam.

Temos apoiado as medidas de apoio económico e social. Aliás algumas que entraram em vigor agora, o PSD em sede de Câmara e Assembleia Municipal já as tinha proposto em junho mas o executivo PS, maioritário, não as quis, pois aí não soube unir… porventura porque não foi o Partido Socialista a apresenta-las.

Continuamos a defender que, na medida do possível, teríamos que reduzir custos nas empresas, a eletricidade e água, reduzir esse imposto que se chama IMI – que continua a ser cobrado bem acima de outros municípios, embora o Executivo Camarário queira vender que se propõe a baixar a taxa do IMI por relação a anos anteriores. Pois, até poderá baixar, mas continua numa taxa muito superior ao mínimo legal.

E, acima de tudo não decidirmos pelas pessoas. Tem que se perguntar aos sindicatos, aos empresários, às instituições o que querem; tem que se envolver a Associação Comercial e Industrial de Santo Tirso e não vê-los como parceiros menores como faz o Executivo Camarário.

 

DSTS: Que medidas considera que deveriam ser a prioridade para combater os efeitos da pandemia a nível económico, financeiro e social?

Quitéria Roriz: O PSD de Santo Tirso tem vindo a apresentar várias medidas, vários caminhos que poderiam estar a ser seguidos e que, a nosso ver, poderiam minimizar os impactos da Pandemia. Como já disse nesta entrevista, algumas das propostas foram colocadas em prática (e bem, para bem das pessoas, das empresas, das instituições), mas continuamos a acreditar que ainda muito se pode fazer:
– Criação de um Fundo de Emergência Municipal, com uma dotação financeira a definir, destinado às microempresas e ao comércio local;
– Implementação de uma campanha de marketing digital, apelando aos nossos munícipes, nas suas freguesias, bem como na sede do concelho para que privilegiem as compras no comércio local, por forma a ajudar à recuperação económica e à manutenção dos postos de trabalho;
– Aplicação da isenção do pagamento de tarifas fixas dos sistemas de abastecimento de água, saneamento de águas residuais e de resíduos urbanos a todos os consumidores domésticos, com efeitos imediatos;
– Aumento da abrangência das condições de acesso ao Plano Municipal de Emergência Social, dado o acréscimo de famílias que viram os seus rendimentos drasticamente diminuídos com a Pandemia da COVID 19;
– Reforço do apoio às IPSS, com estruturas residenciais, quer para fazer face à despesa corrente com a COVID-19, quer para o investimento prioritário, que deixou de ser efetuado em virtude da ocorrência da pandemia.

 

DSTS: Que mensagem gostaria de deixar a todas as pessoas de Santo Tirso?

Quitéria Roriz: Todos precisamos de Todos, e somos poucos para nos ajudarmos! Unidos venceremos! Ainda bem que nem todos pensamos da mesma maneira. Somos diferentes, pois somos Tirsenses. Temos raça. Somos gente de trabalho.

Uma forte mensagem de esperança aos idosos e aos seus familiares. E aos jovens deste concelho: acreditem na Vossa terra!

Estamos e estaremos sempre com os Tirsenses.

Muita Saúde a todos e um bom Natal na medida do possível.

Acreditamos que poderemos melhorar as nossas vidas a partir de 2021.

Imagem: Diário de Santo Tirso
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