Rúrí, pioneira na arte da performance e instalação, assina a nova exposição do Museu Internacional de Escultura Contemporânea, em Santo Tirso. “E Agora?” é o título e a provocação de um olhar para formas de salvar o futuro na primeira grande exposição da artista islandesa em Portugal.
“E Agora?”, pergunta Rúrí, artista islandesa que aterra com um olhar nórdico no Museu Internacional de Escultura Contemporânea, em Santo Tirso, na próxima sexta-feira, 10 de março. A exposição, de entrada gratuita, ilustra de forma incisiva as preocupações profundamente enraizadas na sua prática artística, quer seja para abordar a crise planetária do aquecimento global e as consequências do aumento do nível médio do mar e do aumento dos fogos florestais, ou as desigualdades do acesso a água potável.
Como o título da exposição sugere, Rúrí – considerada uma artista-ativista que defende a descolonização, o feminismo, a justiça ambiental e política, e os direitos humanos/não-humanos – levanta a questão urgente de como a humanidade pode unir-se no futuro para viver de forma mais harmoniosa com a natureza.
A exposição apresenta ainda um trabalho inédito intitulado Forest, criado a partir das cinzas e outros restos de árvores queimadas de diversas florestas em Santo Tirso (Monte Córdova, Santa Cristina do Couto e São Miguel do Couto), que foram destruídas nos incêndios de 2022 – um trabalho que, na sua instalação do corredor, bem como na documentação fotográfica que a acompanha, sublinha o impacto da crise climática e do aumento da temperatura nos ecossistemas locais.
Tanto o trabalho Future Cartography XIII como Water Balance IV, que foram criados em colaboração com o museu e a Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, serão posteriormente adicionados ao acervo do museu, como doação da artista.
Elogiando o projeto programático do MIEC, Rúrí afirma que a instituição municipal “parece muito pura e verdadeira com a essência da arte”. Razão que a deixa “muito grata pelo convite”, acrescenta.
“Estou muito impressionada com este lugar, quer a parte nova, quer a antiga, têm imenso respeito, tanto pelo histórico, como pelo contemporâneo. Podemos vê-lo na estrutura deste edifício, no desenho, em cada detalhe que foi tido em conta. Isso mostra quanto respeito há aqui pela arte e pela arquitetura – no edifício antigo, o do mosteiro, acontece o mesmo, tudo foi feito de uma forma belíssima e com amor.”
Rúrí antevê uma exposição que convide os visitantes a uma postura ativa: “diz-se muitas vezes que a arte tem várias fases: é a ideia na mente do artista, depois o trabalho na matéria em si e, depois, a terceira fase é o espectador, porque o espectador muitas vezes acrescenta algo com os seus próprios pensamentos ou atitudes perante a obra de arte, que é muito valioso, porque a arte que não provoca pensamentos na cabeça e sentimentos nos corações dos espectadores não está a chegar ao destino”.
A exposição é acompanhada de um catálogo, com um artigo do curador Álvaro Moreira, acerca do novo trabalho, Forest, assim como um artigo biográfico da historiadora de arte Pari Stave, diretora do Centro de Arte Skaftfell, na Islândia. O livro de 128 páginas será publicado pelo Município de Santo Tirso, com apoio do Icelandic Visual Arts Fund.
A exposição, a inaugurar na próxima sexta-feira, poderá ser vista gratuitamente até 25 de junho, de terça a sexta-feira, entre as 9h00 e as 17h30; e aos sábados e domingos, das 14h00 às 19h00.
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