O Centro de Arte Alberto Carneiro, em Santo Tirso, inaugura, no próximo dia 7 de julho, pelas 19h30, uma exposição do artista plástico Samuel Silva, professor na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP).
Intitulada “Portelos, cancelas e biqueiros”, a exposição é descrita, primeiramente, como um projeto fotográfico de pulsão arquivista, iniciado por Samuel Silva em 2013, que reúne um conjunto de fotografias sobre estratagemas agrícolas improvisados, encontrados nas embocaduras de courelas, lameiros e cortinhas, ou parte de cercados e terrenos murados de geografias interiores compreendidas entre Alturas do Barroso e Cabeceiras de Basto.
Marcas de propriedade privada ou freio das ousadias do gado, estas esculturas involuntárias configuram em si um repertório surpreendente de combinações entre materiais, subtilezas construtivas e compositivas que devolvem o observador à infância, com o que isso significa de universo pueril de liberdade, engenho e invenção. São, também, potência metafórica numa leitura política da realidade interior do país sujeita ao êxodo e à emigração galopante. Assumem-se, ainda, como sismógrafos de uma economia/ecologia de sobrevivência típica destes lugares.
Esta exposição apresenta, num ensaio dialógico com as obras de Alberto Carneiro, um diaporama com uma seleção de diapositivos do arquivo (ampliado recentemente) e um maciço de desenhos realizados há dez anos, ainda antes das primeiras revelações fotográficas, quando as imagens latentes (por detrás das pálpebras ou ufanamente gravadas na memória) nos reaparecem na luz do mineral grafite ou nas manchas da “vieux-chêne”, produto de origem francesa que serve para dar tom castanho envelhecido às madeiras.
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