Ana Maria Lages, 24 anos, presidente da Juventude Social Democrata de Santo Tirso desde Setembro de 2020, secretária-geral adjunta da JSD distrital do Porto, formada em Engenharia Alimentar e uma das vozes mais ativas da política em Santo Tirso.
Diário de Santo Tirso: Quais são os objetivos e as principais preocupações da JSD de Santo Tirso?
Ana Maria Lages: As principais preocupações da JSD de Santo Tirso centram-se muito naquilo que é a política concelhia e o que tem sido feito até agora. A JSD de Santo Tirso claro que tem propostas para dentro da estrutura e quer dinamizar a estrutura e fazê-la crescer mas com os meios que temos queremos também focar-nos no trabalho que a câmara tem feito. E temos estado atentos e temos sido presença assídua nas assembleias municipais e nas assembleias de freguesia e também em algumas reuniões de câmara, as que são públicas, as que podemos assistir. Temos apresentado também algumas propostas, naqueles que achamos ser os temas mais fulcrais, como o caso da saúde mental, como foi o caso do comércio local e da COVID-19 e portanto são esses os principais eixos da JSD aqui em Santo Tirso.
DSTS: Apresentou há quase dois meses um projeto ao senhor presidente da câmara municipal para a criação de uma plataforma de apoio à saúde mental. Quer explicar melhor em que consiste este projeto e se vai avançar?
Ana Maria Lages: O projeto consiste na criação de uma plataforma que fosse acessível a todos os tirsenses, que funcionaria por um lado com voluntários recém mestrandos, recém licenciados ou até profissionais da área da saúde que quisessem integrar este processo, e do outro lado estariam claro as pessoas que têm algum problema relacionado com a saúde mental que de certeza que foi agravado pela pandemia. Funcionaria de uma forma gratuita e necessitaríamos da ajuda da câmara para criar a plataforma. Foi apresentado em assembleia municipal, anteriormente, já tinha sido enviado um email e apresentada a proposta ao Dr. Alberto Costa, mas não tivemos resposta e tivemos que ir à assembleia municipal reforçar esta proposta e a celeridade que queríamos dela. No entanto o Dr. Alberto Costa ainda demorou cerca de um mês e passados dois meses obtivemos resposta. Na assembleia municipal o presidente da câmara não quis responder na altura, mandou passado esse mês uma resposta para a JSD de Santo Tirso com pura demagogia. Efetivamente a câmara não quer colaborar com a JSD de Santo Tirso e portanto nós nada podemos fazer.
DSTS: Que outras propostas já apresentou desde que lidera a JSD de Santo Tirso?
Ana Maria Lages: Apresentamos no último ano uma proposta relacionada com o comércio local e também com as famílias mais carenciadas. Consistia na criação de vales no valor de 25 ou 50 euros, da receita que não foi utilizada no programa mimar, devido à pandemia, toda essa receita seria utilizada para criação de vales, para as famílias mais carenciadas do concelho e que estão sinalizadas exatamente pela câmara municipal utilizarem no nosso comércio local e portanto criavamos aqui uma relação de simbiose, ajudaríamos o comércio local e ao mesmo tempo ajudaríamos também as famílias mais carenciadas.
DSTS: Tiveram resposta por parte da Câmara Municipal?
Ana Maria Lages: Apresentamos em reunião pública de câmara, tivemos resposta passado 15 dias e o senhor presidente da câmara disse-nos que já tinham uma proposta semelhante mas que em nada tinha a ver com aquilo que nós queríamos até porque funcionaria com trabalhadores de algumas empresas e não era esse o nosso objetivo. O nosso objetivo era mesmo focar-nos nas famílias que precisariam mais.
DSTS: Tem sido uma das vozes mais inconformadas relativamente à tragédia que aconteceu no último verão e que provocou a morte a 73 cães? Tem sido das vozes mais inconformadas. É um assunto que não está resolvido?
Ana Maria Lages: Para mim é um assunto que não está resolvido. Até porque dizerem que não existem culpados não é respostas. Existem culpados e em parte são todos aqueles que sabiam da existência desse abrigo ilegal, que já existe há alguns anos e portanto todos nós somos culpados mas principalmente o presidente da câmara quando descarta este assunto e diz que não tinha conhecimento do abrigo ilegal. E tinha obviamente conhecimento deste abrigo ilegal. Não podemos passar impunes com 73 mortes de animais e acho que a preocupação devia ser maior e pessoalmente na minha opinião ele não devia ter tirado o cargo da proteção animal ao vereador José Pedro Machado e devia ele assumir as responsabilidades.
DSTS: Como vai o PSD conseguir ser poder em Santo Tirso após quase 40 anos de governação socialista?
Ana Maria Lages: 40 anos de socialismo em Santo Tirso é dose. Acho que já estamos um bocadinho a chegar ao limite. O PSD conseguirá ser poder apresentando respostas aquilo que tem sido a inatividade do Partido Socialista, relativamente ao comércio local, relativamente a uma política desportiva a sério, relativamente à parte da educação e à parte da juventude e acho que é um bocadinho por aí. Talvez o surgimento de alguns novos partidos aqui em Santo Tirso seja mesmo a inconformidade da população perante uma não resposta aquilo que essas próprias pessoas procuram. Só sendo uma candidatura inovadora é que conseguiremos tirar o Partido Socialista da câmara.
DSTS: O candidato do PSD, Carlos Alves, é o homem certo para defrontar Alberto Costa, atual presidente da câmara e candidato pelo PS?
Ana Maria Lages: Efetivamente acho que Carlos Alves é a pessoa indicada para enfrentar Alberto Costa. Sejamos sinceros, Alberto Costa o atualmente o presidente da câmara mas partimos exatamente em pé de igualdade porque Alberto Costa é candidato a presidente e não é uma recandidatura. Todos sabemos porque Alberto Costa assumiu o lugar de presidência mas acho que nem vale a pena falar de coisas tristes nem de relembrar o passado e portanto Carlos Alves é a resposta a Alberto Costa. É uma pessoa íntegra, é uma pessoa que apresenta trabalho e é uma pessoa que sabemos que vai ouvir o povo. Já tem provas dadas naquilo que diz respeito à parte da política, na educação e tem também provas dadas naquilo que é ser autarca de freguesia. Carlos Alves vai sem dúvida ser o candidato à câmara.
DSTS: Vai integrar alguma lista nas próximas eleições autárquicas?
Ana Maria Lages: Vou integrar uma lista como também os jovens da comissão política da JSD e os membros da JSD vão integrar as listas às freguesias, à assembleia municipal e acho que temos de ter esta renovação e temos que integrar os jovens na política cada vez mais. Pelas ideias inovadoras que têm e porque chega a uma altura em que temos renovar, aqui um bocadinho o que tem sido hábito em Santo Tirso. Ter um presidente de câmara tanto tempo como foi o Joaquim Couto não faz sentido. Ter exatamente as mesmas caras há imenso tempo no concelho não faz sentido. E é por aí que nós queremos partir, por uma candidatura que surja por pessoas jovens e também por pessoas que pensem mais além.
DSTS: Relativamente à pandemia da COVID-19 já se vê uma luz ao fundo do túnel?
Ana Maria Lages: Relativamente à pandemia eu acho que mais um aninho estaremos mais ou menos tranquilos. Luz ao fundo do túnel nunca veremos tão cedo se a população não se comportar como deve ser. Nós vimos os efeitos do natal e da passagem de ano com esta última vaga que realmente foi assustadora. Tivemos que confinar outra vez e eu acho que só quando a população perceber que tem que ser aos poucos e que temos que ter sempre todos os cuidados é que vamos chegar a algum lado.
DSTS: Acha que vamos passar por um terceiro confinamento geral?
Ana Maria Lages: Penso que sim se efetivamente as pessoas neste verão não tiverem todos os cuidados porque não temos imunidades ainda, poucas pessoas foram vacinadas para aquilo que era esperado e portanto se as pessoas continuarem em aglomerados e a fazer aquilo que não devem poderemos ter uma terceira vaga.
DSTS: O comércio local em Santo Tirso está a viver há quase 1 ano, tempos de emergência e até de desespero. Há inclusive empresários da restauração a injetar dinheiro pessoal para manter os postos de trabalho. A câmara municipal tem feito tudo o que está ao seu alcance para apoiar os pequenos comerciantes? Ou isso é tarefa do governo e a câmara municipal não deve ou não pode apoiar?
Ana Maria Lages: Na medida em que o governo só decreta qual é o plano desconfinamento, aqui a câmara tem um papel muito importante no comércio local. É com muito agrado que vi a iniciativa ao nível da restauração que a câmara teve de fazer as entregas a casa das pessoas mas eu acho que ficou um bocadinho por aí. Porque o comércio local não é só isso. O comércio local tem a parte da restauração mas também tem a outra parte a nível têxtil e a nível de outras possível atividades que neste momento não estão abertas. Eu acho que a câmara falhou aí. E uma vez que estamos na era digital, a câmara podia por exemplo ter criado um plataforma online com os nossos comerciantes e ajuda-los. Mesmo aqueles que não têm acesso à internet e não conseguem perceber o funcionamento, criar esta plataforma para os tirsenses não deixarem de comprar no comércio local e depois até fixarem-se aqui. Nós sabemos que as pessoas já antes da COVID-19 não frequentavam muito o comércio local porque iam ao shoppings mais perto e acho que era uma excelente forma de promover o comércio local, não só a curto prazo mas também a médio e longo prazo.
DSTS: Qual é a sua melhor melhor memória na política?
Ana Maria Lages: Essa é uma pergunta difícil. Entrei na política em 2016 e se calhar a minha melhor memória foram as eleições autárquicas de 2017. Foi o contacto com a população, o porta a porta, a maneira como fizemos a campanha, o conhecer outras realidades é uma memória que fica.
DSTS: E qual a melhor experiência?
Ana Maria Lages: Foi a nível nacional com a JSD na universidade de verão que frequentei em 2019, a última que foi realizada, que é uma semana que passamos em Castelo de Vide, a conhecer oradores e formas de fazer política e também conhecemos grandes amigos. Essa foi sem dúvida a melhor experiência que mais me marcou enquanto JSD.
DSTS: Que mensagem gostaria de deixar a todas as pessoas de Santo Tirso?
Ana Maria Lages: Neste momento e atendendo à situação uma mensagem de esperança. Se todos fizermos aquilo que devemos fazer eu acho que vamos chegar a bom porto e também quero deixar a mensagem que as pessoas têm de ter mente aberta, que têm de conhecer os programas eleitorais, que têm de se interessar pela política concelhia, e portanto é esta a mensagem que quero deixar.
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