Entrevista a Ricardo Garcia, responsável do PCP de Santo Tirso
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Entrevista a Ricardo Garcia, responsável do PCP de Santo Tirso

Imagem: Diário de Santo Tirso

Ricardo Garcia, 40 anos, responsável pelo PCP de Santo Tirso e Trofa e presença assídua em todas as ações de terreno do PCP no concelho de Santo Tirso.

O Diário de Santo Tirso entrevistou Ricardo Garcia para saber a posição do partido em Santo Tirso em relação aos objetivos de futuro, ações desenvolvidas, avaliação do estado atual do concelho e também sobre a estado de pandemia que vivemos.

Diário de Santo Tirso: Quais são os objetivos do Partido Comunista Português (PCP) para as próximas eleições autárquicas em Santo Tirso?

Ricardo Garcia: O PCP participará nas próximas eleições inserido na CDU, onde participam também o Partido Ecologista “Os Verdes” e muitos independentes. O objetivo da CDU passa por um reforço da sua posição no concelho que permita ter melhores condições para intervir em defesa da qualidade de vida das pessoas e do desenvolvimento do concelho.

 

DSTS: O que distingue o PCP dos restantes partidos existentes em Santo Tirso?

Ricardo Garcia: O PCP de Santo Tirso distingue-se por ter uma ligação próxima aos trabalhadores e ao povo de Santo Tirso, por não aparecer só na altura das eleições. Mesmo sem estarmos em campanha eleitoral, temos tido intervenção em defesa do reforço do Serviço Nacional de Saúde no concelho, defendendo a regularização do funcionamento dos Centros de Saúde e o reforço de meios no Hospital de Santo Tirso para acudir à situação em que nos encontramos.

 

DSTS: O partido já tem candidato à Câmara Municipal?

Ricardo Garcia: Não, ainda não iniciamos esse processo.

 

DSTS: O PCP tem sempre ações na rua em diversas áreas, seja na saúde, ainda há poucas semanas estiveram em frente ao hospital, na defesa dos direitos dos trabalhadores, na defesa da cultura, etc… e nem a pandemia alterou essas práticas. Essa marca e essa linha terá continuação, mesmo com uma renovação do partido?

Ricardo Garcia: As ações de rua são parte integrante na vida dos militantes do PCP, é uma prática que temos e que queremos manter. Não aparecemos só quando há eleições. Sempre que há um problema com os trabalhadores ou com o funcionamento dos serviços públicos, não deixamos de intervir.

 

DSTS: Como avalia a prestação do executivo municipal nos últimos quatro anos, primeiro com Joaquim Couto como Presidente da Câmara Municipal e no último ano e meio com Alberto Costa como número um?

Ricardo Garcia: Embora seja visível uma diferença no modo de estar, os partidos políticos guiam-se por projetos. O atual executivo, embora com Alberto Costa como presidente no último ano e meio, não tem sido capaz de garantir a resolução de problemas básicos da população. É disso exemplo os enormes atrasos no saneamento e no abastecimento de água, ou até as várias zonas do concelho com dificuldades de acesso a redes móveis de comunicações.

O problema de Santo Tirso não são as caras. São os projetos de cada força política e nós temos profundas divergências em relação aos projetos do PS e do PSD para Santo Tirso. Ao contrário do PS e do PSD nós estivemos e estamos contra a privatização de serviços públicos como a água, com as consequências que hoje todos sentem no valor da fatura.

 

DSTS: Quais são os pontos fortes de Santo Tirso?

Ricardo Garcia: São as pessoas. Os trabalhadores que ao longo dos anos fizeram deste um dos concelhos com maior pujança industrial do país; os comerciantes e pequenos empresários que, mesmo sem os apoios devidos, resistem e continuam a assegurar milhares de postos de trabalho; os dirigentes associativos que, com uma grande dedicação asseguram o acesso ao desporto e à cultura a milhares de jovens.

 

DSTS: Em que áreas defende que deve haver uma maior intervenção política no concelho?

Ricardo Garcia: O PCP tem como linhas prioritárias de trabalho a resolução dos problemas de água e saneamento em todo o concelho, a superação das desigualdades e assimetrias, a reabertura de serviços públicos entretanto encerrados, um serviço público de transportes com adequada oferta de ligação entre freguesias e concelhos limítrofes, melhoria das acessibilidades e rede viária e a recuperação, valorização e aproveitamento do vasto património natural e edificado no concelho, dando como exemplo as termas do Amieiro Galego, onde se nota incúria na preservação.

 

DSTS: O que precisa Santo Tirso no seu entender?

Ricardo Garcia: Sendo uma terra de grandes tradições no sector têxtil, a realidade dos baixos salários continua a predominar. Esta realidade tem consequências no plano social com a existência de elevados índices de pobreza. Só com políticas económicas de valorização dos salários e do emprego é possível combater a pobreza.

DSTS: O PCP foi acusado por diversas personalidades e por outros partidos de ter um tratamento preferencial desde que a pandemia começou, nomeadamente por ter autorização para realizar o 1º de maio, a festa do avante e o congresso. Era imprescindível a realização dos eventos de cariz político?

Ricardo Garcia: O PCP tem uma grande preocupação com a situação sanitária e tem defendido medidas de resposta concretas, como o reforço do Serviço Nacional de Saúde e o apoio a todos os que estão a ser atingidos por esta pandemia. Mas o problema é que a situação sanitária foi o mote para muitos ataques aos mais frágeis, designadamente aos trabalhadores com vínculo precário, ou muitos micro empresários. O PCP assumiu a sua responsabilidade de intervir em defesa deles, de não deixar esquecer os seus direitos e a necessidade de ajudar quem precisa.

 

DSTS: Considera que o estado de emergência decretado pelo presidente da república e aprovado na assembleia da república é um ataque à liberdade das pessoas?

Ricardo Garcia: Temos um problema sanitário que precisa ser resolvido. Mas a o problema não se resolve fechando pessoas e empresas. A solução passa pela urgência do reforço do SNS, da resposta articulada entre o SNS e a Segurança Social com o reforço de meios humanos preparados para a prestação do serviço e a garantia das condições salariais e de estabilidade de emprego. Passa igualmente pela necessidade do reforço das medidas de proteção sanitárias quer nos locais de trabalho, quer nos meios de transporte públicos.

Sem esquecer e valorizar algumas medidas de apoio social que já foram aprovadas pelo proposta do PCP como a garantia do pagamento a 100% os salários dos trabalhadores em lay off, ou medidas de apoio aos micro, pequenos empresários, elas são insuficientes e é preciso avançar com respostas para todos aqueles que não têm qualquer cobertura no âmbito dos apoios sociais.

 

DSTS: Como vai Portugal sair da crise financeira e económica em que já se encontra?

Ricardo Garcia: O surto epidémico que atualmente vivemos veio acentuar ainda mais as debilidades económicas do nosso país, onde os baixos salários e a precariedade grassam. O cumprimento da nossa Constituição ajudará a mitigar os efeitos da crise financeira e económica (cíclica no capitalismo) e preparará o país para os desafios que se adivinham.

No plano económico o país precisa de medidas de apoio às empresas e de valorização do trabalho e dos trabalhadores, designadamente dos seus salários.

 

DSTS: Que mensagem gostaria de deixar a todas as pessoas de Santo Tirso?

Ricardo Garcia: Uma mensagem de confiança, de que temos condições para dar a volta e para conseguir resolver os problemas. Mas isso só é possível com o empenho e mobilização de todos, particularmente daqueles que têm sofrido com estas políticas. Neste caso, vou citar Álvaro Cunhal: “Tomemos nas nossas mãos os destinos das nossas vidas.”

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