Diário de Santo Tirso

Se eu fosse o presidente de câmara de Santo Tirso…!!!

Imagem: Alírio Canceles

A água, ou melhor, a rede pública da água, voltou à agenda política e mediática, obviamente à escala de Santo Tirso.

A poucos dias das eleições para a câmara e juntas de freguesia, os partidos e os seus candidatos apressaram-se, legitimamente, a dizer o que entendiam por conveniente, mesmo que pouco ou nada tivessem percebido do que efetivamente se tinha passado.

Manda o bom senso, que faça aqui uma declaração de interesses, já que durante 12 anos fui autarca na câmara municipal de Santo Tirso (4 anos na AM e 8 na vereação). Foram muitos os textos, declarações de voto e propostas produzidas a propósito das tarifas de água, num concelho que tinha a água mais cara do País.

Foram, seguramente, muitas as tentativas de renegociação com a INDAQUA, sempre conduzidas ao insucesso, já que o contrato de concessão tinha um conjunto de clausulas, nomeadamente as que se referem ao chamado “reequilíbrio financeiro”, que “protegiam” a INDAQUA. Não digo isto, porque considere que o concessionário não tivesse, durante alguns anos, toda a razão, já que o contrato também salvaguardava, como tinha que ser, os fortes investimentos que teve que fazer no concelho, que à data da concessão, tinha uma cobertura de cerca de 20%.

Ora, como é do conhecimento público, as dificuldades de renegociação foram agravadas pelo facto de uma parte muito significativa dos utilizadores não terem feito as ligações aos ramais, situação que não estava nas previsões da câmara e da INDAQUA.

A câmara de Santo Tirso tinha os caminhos da renegociação bloqueados!

O atual presidente da câmara, Alberto Costa, percebeu que a única alternativa era “encostar a INDAQUA às cordas”, anunciar o resgate e com isso, forçar a renegociação.

Foi exatamente isso que aconteceu! Hoje, a câmara de Santo Tirso, pode, no âmbito da renegociação com a INDAQUA, garantir a redução das tarifas que tinha anunciado em consequência do resgate e ainda poupar alguns milhões aos cofres da autarquia, quer no que respeita a eventuais indemnizações, quer no que respeita aos custos com a criação e manutenção de uma empresa municipal.

Alberto Costa, teve a coragem de afrontar e enfrentar um grande grupo económico. Para a história, fica o mais importante: os consumidores de Santo Tirso, finalmente, vão pagar tarifas de água mais justas e ajustados aos orçamentos familiares, além de serem criadas tarifas sociais e para famílias numerosas e continuarem a ter água de qualidade.

Se eu fosse Presidente da Câmara de Santo Tirso, era exatamente esse o caminho que tinha trilhado!

Alírio Canceles

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