A moção do Partido Social Democrata (PSD) de Santo Tirso que pretendia unir os partidos em favor da maternidade de Famalicão foi rejeitada, ontem, pela Mesa da Assembleia Municipal (AM). O motivo dado por Fernando Benjamim, Presidente da Assembleia Municipal, prendeu-se pelo envio fora de horas por parte dos sociais democratas.
A sessão da Assembleia Municipal realizou-se quarta-feira, dia 21 de setembro, às 21h00 sendo que a moção foi enviada segunda-feira de manhã. Segundo o presidente da mesa da Assembleia Municipal a moção deveria ter sido enviada até sexta-feira, às 18 horas, para ser dentro do prazo de até 48 horas antes do início da sessão, em horário de expediente. José Pedro Miranda, líder da bancada social democrata alegou que as 48 horas seriam na segunda-feira, no entanto Fernando Benjamim respondeu que também não foi enviada por um eleito e que por isso a moção não poderia ser aceite.
Através de um comunicado enviado às redações, o principal partido da oposição em Santo Tirso tece críticas à ausência de uma posição por parte do Presidente da Câmara Municipal.
Com o objetivo de convidar as forças políticas com assento na AM a vestirem a camisola pela manutenção da maternidade do Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), os eleitos social-democratas e das outras forças políticas da oposição assistiram a uma verdadeira peça de contorcionismo regimental, com o intuito de blindar o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso.
É público que Alberto Costa se tem remetido ao silêncio em relação a este assunto. Mas, diante da repercussão pública do seu comportamento, o edil decidiu abrir, durante a sessão ordinária da Assembleia Municipal, o manual de como não se deve administrar um concelho, sobretudo numa área tão sensível.
“Vê-se agora o PSD de Santo Tirso, que queria acabar com o nosso hospital [não é verdade!], preocupado com uma maternidade em Famalicão!”, afirmou.
A utilização da expressão “uma maternidade em Famalicão” revela o desprezo de Alberto Costa pela população local, que, há mais de 16 anos, também se serve daquela unidade de saúde famalicense.
Revela o seu desinteresse pelas famílias do município que não têm possibilidades financeiras de pagar um seguro de saúde.
Revela o seu desinteresse pelas mulheres tirsenses, que, ao que tudo indica, terão de começar a peregrinar para as unidades da Póvoa de Varzim e Matosinhos.
Revela o seu desinteresse pelas crianças do nosso concelho.
Na sessão da Assembleia Municipal, Alberto Costa manteve-se, inclusive, em cima do pedestal alcançado pela maioria absoluta (disse que não se vai pronunciar sobre este assunto enquanto não tiver acesso ao documento da Comissão para a Reforma das Maternidades) e não conseguiu despir as vestes partidárias.
Omitiu que o bloco de partos do hospital Santo Tirso foi encerrado, em 2006, pelo ex-ministro da saúde António Correia de Campos, do governo José Sócrates, e que, na altura, um dos secretários de estado era Manuel Pizarro, o atual detentor da pasta.
Ignorou que, em 2006 e no auge dos protestos, quer o diretor do hospital, Carlos Oliveira, quer o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Castro Fernandes, fizeram o que ele próprio recusa fazer hoje: sair em defesa da maternidade que atende a população de Santo Tirso.
“Há uma pressa excessiva para criar a política do facto consumado”, referiu à época o ex-autarca, Castro Fernandes, que exigiu, posteriormente, “compensações” ao governo Sócrates. Pelo contrário, Alberto Costa retrai-se e evita abordar o assunto.
Por isso, o PSD não acredita que o atual executivo da Câmara Municipal tenha capacidade e competência para gerir dossiers tão sensíveis como este.
Não acredita, igualmente, que o grupo liderado por Alberto Costa saia da sua área de conforto partidária e assuma, efetivamente, a defesa dos interesses da população de Santo Tirso.
Ontem, o presidente da Câmara e os eleitos socialistas tiveram mais uma oportunidade para fazê-lo e, ao rejeitar a moção do PSD, não quiseram vestir a camisola pela defesa do município de Santo Tirso.
Afinal, o que é preciso acontecer para comover esta gente?
De referir que Mário Passos, Presidente da Câmara Municipal de Famalicão, após saírem notícias de um estudo que pode equacionar o encerramento da maternidade que serve as populações de Santo Tirso, Trofa e Famalicão, reagiu, na sua página de Facebook:
“Esta notícia de um estudo que vai ser entregue ao Governo deixa-me muito preocupado. Não posso entender que seja equacionado o encerramento de uma maternidade que funciona bem e que presta um serviço público fundamental A simples notícia causa apreensão e exige desde já o minha total incompreensão e defesa do superior interesse público dos famalicenses”.
Alberto Costa disse ontem, na Assembleia Municipal, que enquanto não tiver acesso ao documento da Comissão para a Reforma das Maternidades não se irá pronunciar.