Na quinta-feira, na assinatura de um protocolo genérico entre a União das Misericórdias Portuguesas e o Ministério da Saúde, Luís Montenegro fez o anúncio de que o Governo irá retomar “um caminho que não devia ter sido travado, de contar com as Misericórdias na gestão de unidades hospitalares”.
O PCP de Santo Tirso, através de um comunicado enviado às redações, deu a conhecer a sua posição.
Mais uma vez, o Governo PSD/CDS coloca as cartas na mesa. Ontem, o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, anunciou a transferência da gestão do Hospital de Santo Tirso para a Misericórdia, ressuscitando um projeto de privatização encapotada que, no passado, foi travado pela intervenção firme do PCP e pela mobilização da população tirsense. Esta medida, apresentada com a habitual pompa, é um insulto àqueles que defendem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) público, universal e gratuito.
O que está em causa não é apenas uma mudança de gestão. É um projeto político de desmantelamento do SNS. A entrega da gestão de hospitais a IPSS não é mais do que uma forma disfarçada de privatização, com os recursos públicos a sustentarem o setor privado, em detrimento do reforço das infraestruturas e das condições de trabalho no SNS. Recorde-se que, ainda recentemente, o hospital foi ampliado com a construção de uma nova unidade de saúde mental, que envolveu um investimento superior a 3,8 milhões de euros.
Sob o Governo PSD/CDS, e com a conivência de outros partidos, perpetua-se um sistema em que as carreiras dos profissionais de saúde são desvalorizadas, os equipamentos obsoletos e as necessidades das populações ignoradas.
Ironia das ironias, enquanto o PSD em Santo Tirso tenta pintar-se de defensor de um novo hospital para o concelho, os seus representantes na Assembleia da República rejeitaram, com o apoio do CDS, IL e a abstenção cúmplice do PS, a proposta do PCP para a construção de novas instalações para o Hospital Conde de São Bento. Assim se desmascara o verdadeiro compromisso destes partidos: não com o povo, mas com a expansão dos interesses privados na saúde, mesmo sob o disfarce do “setor social”.
Apesar das recentes obras de reabilitação, é evidente que só a construção de um novo hospital é capaz de dar resposta às exigências da população e dos profissionais de saúde.
Foi a mobilização popular, com o apoio decidido do PCP, que garantiu que o Hospital se mantivesse no SNS. Agora, é a mesma coragem e determinação que devem guiar a batalha pela manutenção da gestão pública, integrada no SNS, e pela construção de um novo hospital, dotado de todas as valências necessárias para responder às necessidades do concelho.
A história ensina-nos que só a luta transforma. Não se trata de uma escolha abstrata, mas de um dilema concreto: defender um SNS que garanta o direito à saúde para todos, ou aceitar a continuação de um modelo que beneficia o lucro privado à custa da degradação dos serviços públicos. O PCP reafirma o seu compromisso inabalável com a gestão pública do Hospital de Santo Tirso e com a construção de um novo hospital, como parte integrada de um SNS universal, público e gratuito.
Aos que duvidam da força do povo, lembramos: foi a luta que fez de Abril um marco da nossa história, e será a luta que garantirá o futuro. Contem com o PCP.