120 278.85€, é o valor total que o Luís Miguel conseguiu angariar para pagar a conta do hospital nos Estados Unidos da América (EUA). Juntando aos 30 mil euros assumidos pela segurada perfaz a quantia de 150 278.85€, o que é já cobre os 150 mil euros que é preciso pagar.
Para quem possa não conhecer a sua história, no dia 29 de agosto, o Luís Miguel, de 52 anos, viu-se obrigado a ser assistido de urgência no Hospital New York Presbyterian na sequência de um inesperado derrame cerebral no hemisfério esquerdo, na camada subdural. De imediato foi transferido para o Weill Cornell Medical Center, também em Nova Iorque, onde, pelas 5h00, foi submetido a uma primeira intervenção cirúrgica de modo a drenar e a estabilizar a hemorragia.
Ainda nesse dia, por volta das 17h00, sofreu novamente uma hemorragia mais grave e teve de regressar ao bloco operatório. Ainda terá de ser submetido a uma terceira cirurgia de reconstrução do crânio mas que não colocará a sua vida em risco.
No dia 12 de setembro, dois dias após a família ter tornado público o caso, a irmão do Luís Miguel, a Sandra Cardoso, esteve no Diário de Santo Tirso onde explicou toda a situação.
Após a realização de vários eventos solidários o valor total foi alcançado e o Luís Miguel fez uma publicação nas redes sociais onde faz os seus agradecimentos.
Esta semana atingimos o impensável. O que apenas há um mês simplesmente parecia algo impossível, de repente, tornou-se uma realidade.
A sensação é a de um sonho. Sem sabermos bem como, foi algo que foi crescendo em forma de onda, tornando-se num tsunami de carinho, solidariedade, amizade e muito amor.
Ao longo deste mês vivemos momentos que transformaram as nossas vidas para sempre. Jamais ficaremos iguais. As palavras trocadas, as mensagens recebidas, o apoio e a força que nos enviaram foram essenciais para conseguirmos ultrapassar tudo isto. Foram muitos amigos, foram inúmeros conhecidos, foram imensas pessoas que não nos conheciam. Apresentavam-se e diziam que tinham tomado conhecimento do que se tinha passado connosco e que estavam aqui para ajudar no que fosse preciso. Organizaram iniciativas de vários géneros. Mobilizaram atividades completamente diferentes umas das outras. Não sei o dizer… queria apenas passar o testemunho de que tudo isto foi real. Aconteceu mesmo. Não se tratou apenas de algo que não saiu do papel. É muito mais do que isso. É algo real que nasceu espontaneamente. Foi possível constatar que o lema de “um pouquinho de todos, é muito!” ultrapassa o campo do simbólico e consegue tornar-se algo incrível. A minha preocupação é passar a mensagem que devemos sempre acreditar, mesmo quando tudo está difícil, mesmo quando tudo parece impossível, nunca devemos perder a esperança, não só em nós próprios, mas acima de tudo em todos aqueles que nos rodeiam, familiares, amigos e conhecidos… todos juntos podemos fazer a diferença, podemos fazer muito!
Tivemos também pessoas, das quais não podemos falar porque pediram anonimato. Pessoas que mereciam muito que gritássemos o seu nome. É algo injusto não o podermos fazer. Pessoas comprometidas com a vida. Desprendidas do acessório. Simplesmente a querer ajudar, porque assim entendem que o mundo pode ser um lugar um pouco mais justo. E também por considerarem que não há melhor forma de acordar e de dar sentido às suas próprias vidas. Pessoas que pensávamos já não existirem, mas que são reais. Podem neste momento estar ao lado de cada um de nós e simplesmente não nos apercebermos de tudo aquilo que são capazes.
A família do Voleibol foi incrível. Ultrapassando rivalidades. Desvalorizando pontos de vista. De norte a sul. De Minis a Masters. Com inúmeras atividades a nível interno. Com o “Passa a Bola”. Uniu-se em jeito de família, dando o sinal de que nas horas de aperto podem contar com ela. Que nunca vai deixar cair um dos seus. Hoje foi a nós, mas amanhã será certamente a outra pessoa qualquer. Uma outra pessoa, com um problema diferente do nosso, mas que também é desta tribo, deste clã, e que só por isso, o Voleibol irá fazer tudo, mais uma vez, para não deixar ninguém para trás.
Foi algo admirável de ser vivido!
Para finalizar não poderia deixar de falar nas pessoas que nos ajudaram. Desde logo quem estava connosco na aflição inicial, o Carlos, a Isabel, a Teresa, a Kika e o Duarte Pereira Neves , salientando-se o Carlos Pereira e a Francisca Neves, porque foram eles que, entre outras coisas, iniciaram os contactos com a seguradora e as entidades oficiais, criaram o GoFundMe, e promoveram as redes sociais. A Maria Cardoso, a Gabriela Abreu, a minha Mãe Teresa Miranda sempre disponíveis para colaborar com os media e os diversos eventos que se foram realizando. A Joana Brasão, a Telma Monteiro, Maria João OLiveira, Maria Joao Colim, a Diana Silva , a Gilda Torrão, Salette, o Alexandre, Matias Machado e Paulo Coutinho Paulo Coutinho, o pessoal da Geração Fantástica, da Escola e da Universidade, a todos eles muito obrigado!
Para o fim ficam 3 pessoas…
Em primeiro lugar o Ricardo Jorge Santos.
O Ricardo entregou-se de alma e coração precisamente quando iniciava as suas férias. Não é difícil perceber que ficou sem férias.O Ricardo abriu o peito à amizade, escancarando-o com uma mistura de ginga, repleta de magia africana, e um sorriso que consegue encher de alegria tudo o que esteja à sua volta. Sempre muito optimista nunca parou de transmitir serenidade e força. Jamais poderei agradecer-lhe tudo o que fez. Nao há como… Sempre preocupado com tudo, foi a pessoa que encabeçou o relacionamento com os media, decidia os conteúdos das redes sociais, tomou muitas das decisões mais difíceis, sem vacilar. Foi uma âncora para todos nós.
A minha incrível irmã… Sandra Cardoso!
Dispensa qualquer tipo de apresentações… é uma força da natureza. Alma mais pura não há! Tenho um orgulho enorme na minha irmã! Quem tem o prazer de a conhecer sabe precisamente a que é que me refiro. Nunca consegue ver o lado mau da vida. Acredita sempre em si e nos outros. E mesmo naqueles momentos em que tudo parece estar mais difícil, a Sandra vai buscar forças a algum sítio do universo. Será um sitio especial. Daqueles sítios que nos transmitem a capacidade de renascer das cinzas. Foi ela que deu sempre e cara. Que inicialmente falou com todos os media. Que divulgava, que agradecia, que apoiava… enfim! A minha irmã passou a conhecer muitos dos meus amigos que ainda não conhecia. E eles a ela. E isso deixa-me feliz. Admirem a minha irmã… assim tanto como eu!
Por último a incrível Felismina – Nocas Pereira!
Há coisas que naturalmente ficarão só entre nós, porque na verdade nem sei se há forma de poderem ser verbalizadas. São daquelas coisas que apenas vividas se compreendem. Na sua maior parte foram momentos muito difíceis… as incertezas eram inúmeras… as dúvidas imensas… A Nocas ficou sozinha em Nova Iorque, ainda sem saber se eu iria acordar da 2a operação, e em que estado estaria quando o fizesse. Ficou ao meu lado, sacrificando a sua vida familiar e profissional. Todo o seu mundo estava do outro lado do Atlântico e optou por ficar junto de algo incerto, difícil, que só perspectivava preocupação. Veio ao de cima toda a sua força e tenacidade. Veio ao de cima o quão poderosa consegue ser. Não tenho dúvidas que sem a Nocas não teria sobrevivido. E não me refiro ao facto de, contra a minha vontade, ter decidido chamar a ambulância. Embora tenha sido decisiva, essa não terá sido a questão essencial. O mais importante revelou-se a seguir, quando encarnou tudo o que me levava a querer sobreviver. Quando conseguiu trazer-me o meu mundo de volta. Quando conseguiu fazer com que me encontrasse novamente… É uma dívida que levo para sempre comigo e que terei todo o gosto em pagar devagarinho… muito devagarinho, por muitos e longos anos.
Por fim o ponto de situação.
Com o contributo de todos, foi possível alcançarmos agora a incrível quantia de 120 278.85€, o que juntando aos 30 000.00€ já assumido pela Seguradora perfaz a quantia de 150 278.85€ valor que já cumpre a previsão apontado pelo Hospital.
Por esse motivo vamos agora encerrar esta campanha a qual jamais teremos palavras para agradecer. Neste momento fazemos todos os esforços para que nos apresentem o valor final que teremos de pagar. Todas as semanas temos solicitado à Seguradora porque queremos pôr um ponto final nessa questão. Temos necessidade disso, para conseguirmos encerrar esta fase difícil das nossas vidas. Se o valor dos tratamentos ficar aquém do valor angariado já decidimos doar o excedente para instituições de caridade.
Quanto à operação que ainda me falta fazer para reconstruir a parte esquerda do meu crânio, continuo a aguardar, com bastante ansiedade, a marcação da cirurgia. É algo que quero muito fazer o mais rápido possível.
Resta-me agradecer mais uma vez a todos sem excepção… bem hajam!!!