Chegados a janeiro de 2021, eis que nos deparamos com um novo confinamento geral, mas agora com uma grande (ou não) arma, o passado recente.
A chamada terceira vaga está ativa e mais contagiosa do que nunca. A abertura dada pelo estado central nas deslocações e restrições durante a época mais esperada em Portugal, gerou nos Portugueses e em especial nos Tirsenses, um falso sentimento de liberdade. Os tempos são particularmente difíceis. Se por um lado o governo mostra flexibilidade para aligeirar as restrições, por outro lado demora na administração das vacinas. Ora, com esta liderança aos ziguezagues quem inevitavelmente sofre são, desde logo, os profissionais que lidam com a doença, a população mais idosa e vulnerável e, por fim, a restauração, comércio, serviços e hotelaria.
Com a experiência adquirida no decurso da pandemia, já não são toleráveis erros de palmatória, erros esses que custam vidas e confrontam-nos com decisões que ninguém gosta, mas no limite é o nosso destino que está em jogo e com a saúde dos portugueses não se pode brincar. O confinamento é uma realidade, resta saber por quanto tempo, em que moldes e que tipo de proteção social irá o estado central implementar de modo a superar a já difícil e delicada situação económica, com enfoque nas atividades que irão ser forçadas a encerrar, por imposição legal.
O pequenos empresários e empresários em nome individual, já investiram os seus aforros na manutenção dos postos de trabalho em 2020. É necessário pois, um estado forte, interventivo e acima de tudo solidário por forma a dar condições para aguentar o confinamento, um pouco á margem do preconizado por Anthony Giddens com a figura do “estado providência”, fazendo uso imediato das subvenções europeias para financiar gastos com a pandemia covid-19, limitando as políticas que se traduzam num aumento do endividamento seja pelas famílias ou empresas. As fragilidades estruturais da economia não permitem estímulos adjacentes ao endividamento, mas sim a políticas de proteção social. Programas adicionais de apoio à manutenção do emprego, a cargo do estado central, traduzindo-se no suporte de todos os custos no período de vigência do encerramento e fazendo uso da política fiscal central e local, por forma a evitar insolvências e o consequente aumento do desemprego. É dispendioso, com impacto direto no orçamento de estado e das autarquias locais, mas é isso que se espera de um estado central forte, que não soube lidar da melhor maneira com as épocas festivas, e que, continua a desperdiçar o nosso dinheiro, com vacinas atiradas ao lixo por falta de um plano de vacinação Nacional e Europeu. Alem do desperdício das vacinas ser alto, cerca de 20%, é a falta que fazem ao sistema nacional de saúde como única forma de conter a pandemia e na única esperança que a população dispõe no momento, bem como na forma de projetar um forte e robusto crescimento económico para o ano de 2022 e seguintes.
É necessário reformar e reestruturar de vez a economia como hoje a conhecemos, apostando na transição digital, ambiental e know-how industrial.
Ricardo Pereira, economista