O presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa, anunciou hoje a decisão de atribuir o nome de Mário Soares a uma futura rua ou largo a nascer na cidade, como forma de evocar os 50 anos do 25 de Abril e, simultaneamente, o centésimo aniversário do nascimento daquele que recordou como “o pai da nossa Democracia”.
Alberto Costa, que discursava na Sessão Solene do 50º Aniversário do 25 de Abril, lembrou Mário Soares não só como “exemplo de coragem” e de “virtuosismo político”, mas também enquanto “arquiteto das mais importantes opções políticas tomadas pelo País nos últimos 50 anos”, dando como exemplos a fundação do Estado Social e a autoria da adesão de Portugal à União Europeia.
“Arrisco dizer que Mário Soares foi tudo: resistente, apoiante dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado, exilado, fundador da Democracia, ministro, primeiro primeiro-ministro da Democracia, deputado, eurodeputado, líder da oposição, Presidente da República. Foi rosto e voz da nossa Liberdade e do nosso progresso”, destacou Alberto Costa.
“Ainda que pragmático e flexível nas decisões que teve de tomar ao longo da sua vida política, atravessada, não raras vezes, por circunstâncias inesperadas e muito complexas, Mário Soares nunca abdicou de princípios que considerava inalienáveis, como os princípios da justiça social, da Democracia e da Liberdade”, acrescentou.
O presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso iniciou a sua intervenção recordando, também, o legado que os “corajosos Capitães de Abril” deixaram para as gerações vindouras e sublinhando que a sua obra foi muito para além do fim da Guerra Colonial.
“Não tendo a ambição de ser um programa político, social ou económico, o 25 de Abril foi o veículo para alcançar uma coisa tão natural e, ao mesmo tempo, tão grandiosa que nós, os que sempre vivemos nela e com ela, quase não nos damos conta – o 25 de Abril foi o momento raro da nossa História que nos deu a Liberdade”, disse.
Para além da evocação e homenagem a Mário Soares e aos Capitães de Abril, Alberto Costa classificou as comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril como “um momento de esperança”, lembrando que esta só existe em Liberdade e em Democracia.
“No momento do politicamente correto em que vivemos, não hesito em afirmar que a alternativa à Democracia não é a ditadura, não é voltar para trás”, defendeu o autarca, enumerando algumas das proibições que a que o país e o povo estavam sujeitos antes da Revolução dos Cravos, nomeadamente algumas profundamente opressoras para a Mulher.
Alberto Costa fez, também, questão de lembrar que “os erros cometidos, os desacertos registados e os adiamentos verificados” ao longo dos últimos 50 anos não impedem de afirmar que o 25 de Abril “valeu a pena”.
“O 25 de Abril não tem culpa do erro, do desacerto ou do adiamento. O 25 de Abril fez a sua parte. Iniciou-se e terminou num momento concreto da nossa vida. Do meu ponto de vista, não é o 25 de Abril que está em causa, 50 anos volvidos. O que pode estar em causa é o que fizemos com ele. Ou, tão ou mais importante ainda, é o que queremos fazer com ele nos próximos 50 anos”, defendeu Alberto Costa.
O autarca terminou a sua intervenção com dois apelos: “Cuidemos da Democracia. Cuidemos da Liberdade, com o zelo que a sua grandiosidade e, ao mesmo tempo, fragilidade exigem”.
Além de Alberto Costa, intervieram na Sessão Solene o presidente da Assembleia Municipal, Fernando Benjamim, e a presidente da Junta de Freguesia de Monte Córdova, Andreia Correia, em representação dos restantes autarcas. Discursaram, ainda, os representantes dos partidos e coligações eleitas para a Assembleia Municipal: Carla Vale (PS), José Pedro Miranda (PPD-PSD/CDS-PP), Ana Isabel Silva (BE), Joana Machado Guimarães (Chega) e João Carlos Ferreira (CDU).