O Diário de Santo Tirso foi hoje à tradicional feira de Santo Tirso, no dia em que todos os comerciantes foram autorizados finalmente a trabalhar depois de dois meses e meio em que aqueles que não vendiam produtos alimentares foram proibidos de vender na feira.
Os feirantes que hoje estão em Santo Tirso têm opiniões praticamente unânimes, estes dois meses e meio em que foram impedidos de vender e de trabalhar são um desastre a nível económico e financeiro e sentem-se completamente desesperados. Sílvia Abrantes, uma das feirantes com quem o Diário de Santo Tirso, diz claramente que não tem apoios e que a classe é marginalizada.
O Presidente da Associação Feiras e Mercados da Região Norte revelou, ainda antes das proibições, que 80% dos feirantes iriam ficar sem rendimentos. A associação alerta que “se os feirantes não trabalham, não têm como gerar rendimentos para as suas mais elementares necessidades, como comer ou pagar as contas da água e da luz”, e que “se os feirantes não podem trabalhar, todos os fornecedores desses feirantes, a montante, deixarão de ter a quem vender e todos ficarão sem rendimento”.
“Foram dois meses e meio impedidos de trabalhar, não por vontade própria mas devido às imposições das autoridades de saúde e do governo”, disse ao Diário de Santo Tirso um feirante que não quis gravar em vídeo. “Durante dois meses meio, apesar de não termos receitas, tivemos despesas e impostos para pagar”, disse outro feirante que também não aceitou gravar em vídeo.
O Diário de Santo Tirso teve oportunidade de constatar o sentimento de alívio dos comerciantes por estarem finalmente de volta ao ativo. No entanto a revolta é muito grande, apesar de compreenderem que a pandemia tinha que ser travada, todos os feirantes que abordamos referem que as grandes superfícies sempre estiverem abertas e que só depois de muita contestação o governo decidiu proibir a venda de alguns produtos nesses espaços, referindo também que a feira é um espaço aberto e que as grandes superfícies são espaços fechados.