Ricardo Pereira, 40 anos, licenciado em Economia. Não é natural do Concelho de Santo Tirso mas diz ser Tirsense de alma e coração, é Presidente da Comissão Política do Núcleo do Partido Social Democrata do Vale do Leça e membro eleito à Assembleia Distrital do PSD.
O Diário de Santo Tirso entrevistou Ricardo Pereira para entender o seu papel na comunidade Tirsense, os seus ideais e as suas opiniões sobre assuntos da atualidade do país e do nosso concelho.
Diário de Santo Tirso: É presidente da comissão política do núcleo do PSD vale do Leça desde junho do ano passado. No entanto muitas pessoas de Santo Tirso não sabem qual a finalidade desta organização política. Qual é a sua missão e quais são os seus objetivos?
Ricardo Pereira: Em primeiro lugar compõe territorialmente o núcleo do Vale do Leça as Freguesias de Água longa, Agrela, Reguenga, UF Lamelas e Guimarei e UF Carreira e Refojos de Riba de Ave, tendo como missão principal de aproximar as pessoas à política, trabalhando em proximidade e em rede com todos os intervenientes. Para isso, estabelecemos os objetivos, os critérios e as formas de atuação do Partido tendo em conta a estratégia política aprovada nos órgãos de escalão superior bem como na Assembleia de Núcleo, definimos a posição do Partido perante os problemas concretos, damos parecer sobre os pedidos de filiação, coordenamos a ação dos eleitos das Freguesias e ainda nos compete dar parecer sobre as candidaturas aos órgãos das Freguesias.
DSTS: Quem é o Ricardo Pereira?
Ricardo Pereira: Sou um Jovem empresário e economista do Concelho, instalado no Vale do Leça há mais de 20 Anos. Licenciado em economia pela Faculdade de Economia da Universidade Lusíada campus Porto. Atualmente, em fase de conclusão o mestrado em Auditoria e Fiscalidade da Universidade Católica Portuguesa, campus da Foz, bem como frequenta o primeiro ano da licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade Lusíada campus Porto. Residente na União de Freguesias de Carreira e Refojos de Riba de Ave, Concelho de Santo Tirso, casado e com duas filhas naturais do nosso Concelho, tenho dedicado parte do tempo à comunidade, presidindo à Associação de Pais da Escola Básica de Agrela e Vale do Leça, sendo ainda conselheiro do conselho geral no Agrupamento de Escolas D. Dinis. Estou à disposição da comunidade na ajuda possível, seja através de apoio às coletividades do concelho, seja com a mais recente situação pandémica, onde esteve pessoalmente envolvido, ajudando as instituições do nosso Concelho, com a distribuição de equipamentos de proteção individual por instituições tão nobres e prestigiadas como a Cruz Vermelha Portuguesa de Santo Tirso, Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, Bombeiros Amarelos de Santo Tirso, Bombeiros Voluntários de Vila das Aves e também a instituição ASAS, conseguindo deste modo ajudar estas instituições, bem como a promover o emprego no Vale do Leça, evitando despedimentos. Todos os equipamentos foram adquiridos no tecido empresarial e industrial da freguesia da Reguenga.
Militante do Partido Social Democrata convicto da Social Democracia. Presido à Comissão Política do Núcleo do Partido Social Democrata do Vale do Leça e sou membro eleito à Assembleia Distrital do PSD. Sou, um acérrimo defensor da causa pública. Não sou Tirsense de nascença, mas sou um Tirsense de alma e coração. Adoro aquilo que faço, e tudo o que faço, faço com gosto, procurando atrair para o concelho mais valias como competência e prosperidade. Gosto de manter uma conversa elevada e abordar, em especial temas que me apaixonam como as ciências político-sociais e económicas.
DSTS: O que pode o Núcleo do PSD vale do Leça fazer em prol dos tirsenses que não tenha sido feito até hoje?
Ricardo Pereira: O núcleo desde logo tem a sua atividade partidária reservada à circunscrição territorial, e obviamente o que podemos e devemos fazer é desde logo aproximar os Tirsenses do Vale do Leça á participação cívica nos problemas do nosso território, e é isso que nos move, e que temos incidido a nossa atividade partidária. Como tal e desde logo temos reivindicado água potável e saneamento básico, estradas e transportes condignos e aprazíveis para o crescimento económico e social do território, e uma preocupação com a qualidade de vida da população mais idosa e vulnerável, não só com mais e melhores serviços de saúde, mas também com a criação de uma unidade de cuidados continuados, claro está, que sendo oposição não é fácil implementar estas medidas, mas lá chegará o tempo.
DSTS: Mostra-se sempre muito ativo nas redes sociais, não deixando passar nada em claro e abordando assuntos e não se coibindo perante opiniões contrárias. Esse traço de personalidade é algo que o caracteriza?
Ricardo Pereira: Sem dúvida que após 25 anos a contribuir para a sociedade me permitiu formar uma personalidade própria e coerente, mas acima de tudo, respeitando opiniões contrárias.
Não tenho receio de assumir as minhas convicções políticas, ou seja, naquilo que acredito que é o melhor para a sociedade em geral. O PSD tem o dever de honrar os seus eleitores e adotar, com lisura e dedicação, uma postura responsável e de exigência para com o atual executivo camarário. Como tal, não nos devemos coibir de apontar os erros e, em especial, alternativas que vão de encontro às verdadeiras necessidades dos munícipes. A população deve estar consciente dos problemas do Município, porque a Autarquia e o Partido socialista de Santo Tirso, encabeçam uma verdadeira máquina propagandista na difusão da sua mensagem positiva, mas pouco alinhada com a realidade no terreno.
DSTS: É presidente do PSD vale do Leça sensivelmente ao mesmo tempo que Alberto Costa é presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso. Como avalia a governação do executivo municipal nos últimos 18 meses?
Ricardo Pereira: A Avaliação da Governação do executivo liderado pelo Dr. Alberto Costa é em linha com a do seu antecessor subitâneo, logo, nem eu, nem a generalidade dos habitantes do vale do Leça, podem fazer uma avaliação positiva. Note, quando não estamos dotados de Água Potável, Saneamento Básico, infraestruturas viárias de qualidade, infraestruturas sociais e transportes públicos condignos, que resposta devem esperar os Tirsenses? Imagine quando tem um Presidente que dedica o seu tempo a sucessivas entrevistas aos órgãos de comunicação social, ou vídeos institucionais com promessas de realização de obra, e sempre em ano de eleições. Depois, o que se verifica in loco é uma realidade bem diferente, existindo um hiato de tempo inexplicável, a não ser o literal investimento na reeleição. Isto não é a política que defendo, com valores que assentam em pilares como a integridade e seriedade em prol do serviço à comunidade.
DSTS: Sendo economista de profissão, como avalia a dinâmica económica de Santo Tirso? Deverá o investimento ser canalizado para a criação de melhores condições a nível geral, melhores acessibilidades e promoção da marca Santo Tirso de modo a atrair investimento privado ou deverá o investimento passar por obras públicas?
Ricardo Pereira: O grande benificiário da dinâmica económica do nosso concelho deve ser a população residente. Embora os Censos só estejam previstos para o próximo ano, o estudo recente da N-Invest da fundação AEP, demonstram que a população de Santo Tirso em 2016 cifrava-se em 68,524 habitantes. Significa este facto, que o investimento, ou a atração de investimento é pobre e não permite a fixação, dos nossos jovens nem, tão pouco, atrair novos residentes. Estamos, aliás e de forma constante a perder população, ano após ano, para Trofa, Famalicão e Vizela, sem que o Partido Socialista no executivo há 38 anos consiga inverter esta espiral negativa. Consecutivamente, as obras feitas, são pouco mais que cosmética eleitoralista sem impacto real junto da população ou empresas. Para que ocorra uma efetiva fixação de empresas no concelho de modo a permitir um crescimento demográfico sustentado, são necessárias 4 premissas por parte do executivo: 1. Impostos competitivos; 2. Menos burocracia autárquica; 3. infraestruturas bem desenvolvidas; 4. Mão de obra qualificada. As obras públicas são de salutar, contudo a questão que se coloca é: que obras públicas? Numa primeira linha de investimento deve ser dada primazia e enfase a obras públicas essenciais e estruturais que obedeçam a uma visão estratégia e integrada para o concelho.
DSTS: Relativamente à situação financeira do município mostra-se muitas vezes crítico devido à realização de vários contratos públicos. Tem conhecimento do estado atual das contas? Como avalia a situação financeira?
Ricardo Pereira: O município tem como já referi, uma visão enviesada das suas contas públicas e uma inversão de prioridades que se revelam através das suas inexplicáveis opções de investimento. O PSD tem, aliás, escrutinado vários contratos que exemplificam tais cenários. Temos como exemplos: o primeiro contrato com a Santo Tirso TV por 47,500 euros com duração de 4 meses, o estudo de opinião levado a cabo pela U. Católica, por 15,000€ ,15,000€ para a limpeza de betão da praia urbana em tempo de encerramento completo como foi este ano devido à pandemia, e ainda o contrato de ajuste direto para a limpeza da Fábrica de Santo Thyrso por 90,000 euros (2 anos), entre dezenas de outros, contudo, duas situações que me preocupam assaz: a primeira, é uma espécie de saco sem fundo, na medida em que não existe uma conexão entre os subsídios ao investimento e os bens subsidiados, existindo uma grande interrogação na ligação dos investimentos aos ativos alvo de investimento. Não se percebe bem esta falta de conexão, quando existe o cadastro de inventários dos bens do estado (CIBE), a segunda, são os fundos próprios e ativo sobrevalorizados em cerca de 12 milhões de euros, aliás, a equipa de auditores, ano após ano, inscreve as mesmas notas na certificação legal das contas. Espero finalmente que com a aplicação do SNC-AP, a autarquia corrija estes erros materiais, devendo pautar pela verdade, rigor e transparência.
DSTS: É inevitável não perguntar a sua opinião sobre tudo o que aconteceu em maio e junho do ano passado, Santo Tirso foi notícia a nível nacional durante várias semanas. Como viu a detenção do então presidente da Câmara de Santo Tirso Joaquim Couto?
Ricardo Pereira: A detenção não me surpreende, na justa medida crescente, que cada vez mais na nossa sociedade temos políticos que só vivem da política, ie, fazem carreira na política, como se a política fosse uma profissão. A política deve ser exercida com nobreza e expurgada de interesses pessoais. Quando assim não o é envergonha qualquer cidadão. Tenho muito orgulho em poder dizer que chego à política por vontade própria e mérito, depois de dar provas de competência na sociedade civil.
DSTS: Considera que as autoridades de saúde têm tomado as melhores decisões para combater a pandemia COVID-19?
Ricardo Pereira: As Autoridades têm feito o melhor que podem, contudo, a comunicação foi e é francamente ineficiente e deficitária, o que tem dificultado a mensagem, que teima em não chegar aos destinatários convenientemente. As Medidas foram ajustadas, contudo tardias. A ministração de testes antígeno às IPSS (bombeiros, misericórdias, lares, entre outros) deveria ter sido prioritária, bem como o fornecimento de equipamento de proteção individual e desinfetante à população, em particular a menos favorecida.
DSTS: Como encara a atuação do governo e do município na gestão dos efeitos da pandemia?
Ricardo Pereira: Devemos dividir a pergunta em duas. Primeiro o início em março, onde tudo era novo: o vírus, o contágio, o tempo para implementar medidas, enfim, um sem número de situações do qual não nos podemos alhear e de certa forma compreendemos e, em certa medida, apoiamos. Depois a segunda vaga, onde o fator surpresa não existia. Previa-se, aliás, que teríamos uma segunda vaga, e em relação a isso, nem o estado central, nem o estado local conseguiram antecipar cenários. Prova disso, foram as 300 camas de retaguarda criadas em maio, entretanto desmanteladas pelo início das aulas. Numa altura que o centro Hospitalar do Médio Ave estava em rutura, não vi o município pronunciar-se sobre essas mesmas camas. Note que a falta de profissionais não é desculpa, visto que eram camas de retaguarda e nunca para pessoas em cuidados intensivos, ou seja a medida articulada com o ACES e a Misericórdia podia ter minorado o problema dos concidadãos. A criação dos centros de rastreio por parte do município foi uma boa medida, por forma a prevenir futuros contágios assintomáticos.
DSTS: Quais deveriam ser as prioridades do poder político para apoiar o comércio local que está com muitas restrições e proibições?
Ricardo Pereira: O comércio local necessita de uma atenção especial por parte do executivo camarário, desde logo promoção e uma campanha massiva de apoio à compra no comércio local articulado com as respetivas Associações. Sou da opinião que colocar funcionários públicos a distribuir refeições não foi a melhor solução. A solução ideal teria passado pelo uso de táxis, contratando um preço fixo, ajudando dois setores que estão severamente afetados. Contudo saúdo a medida, ainda que passível de melhorias. Seria de capital importância, a criação de um Voucher de desconto unitário acessível a todas as famílias que comprem no comércio local de Água Longa a Vilarinho. Em matéria fiscal, o município deveria olhar efetivamente para os setores mais afetados pela pandemia, atribuindo isenção total da derrama não só a VN inferiores a 150,000€, e a continuação da suspensão dos pagamentos de licenças de esplanadas, bem como licenças de publicidade, associadas com medidas de estímulo à manutenção de emprego.
DSTS: Que mensagem gostaria de deixar a todas as pessoas de Santo Tirso?
Ricardo Pereira: Acima de tudo esperança. Esperança num futuro melhor, mais justo, equitativo e distributivo.
Esperança numa possível alternância de poderes em Santo Tirso, que traga desenvolvimento, população e prosperidade, e como o Novo Ano está aí, desejar a todos os Tirsenses um excelente ano de 2021, com um brinde a todos os vossos sonhos e expectativas!
“Que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. António Gedeão in Pedra Filosofal.