
Foi notícia esta semana, na passada segunda-feira, que um aluno “ameaçou um massacre” na Escola Secundária Tomaz Pelayo, em Santo Tirso. Tratou-se de uma publicação feita por um aluno nas redes sociais em que o mesmo dizia sofrer de bullying e que se iria vingar.
O caso teve repercussões a nível nacional, alguns canais de televisão fizeram diretos à porta da escola, o caso foi comentado em programas e devido a esse pânico alguns pais não permitiram que os seus filhos fossem para a escola no dia seguinte.
O Diário de Santo Tirso teve conhecimento de tudo no domingo ao início da tarde, poucas horas depois do sucedido. Optamos por não noticiar o caso e, em vez disso, procuramos saber o que estava a ser feito para minimizar os efeitos das ameaças de internet.
Rapidamente fomos informados que a Direção do Agrupamento, Associação de Pais, Polícia de Segurança Pública e Programa Escola Segura já tinham conhecimento. Fomos também informados que a mãe do aluno já sabia do caso, que entretanto se retratou nas redes sociais.
Apesar de não termos noticiado, confiando plenamente no trabalho e ação rápida de todas estas entidades, e sabendo que a notícia iria causar algum pânico e seguramente muita preocupação na comunidade escolar, tomamos a decisão certa.
Mais ainda, a nossa notícia poderia causar ainda mais transtornos ao aluno que, não sendo vítima, certamente passa por problemas psicológicos e precisa de acompanhamento permanente.
Apesar da nossa decisão de não noticiarmos, o caso tomou proporções a nível nacional na segunda-feira, ainda assim, mantivemos a nossa posição de não publicar nada mesmo que a generalidade dos órgãos de comunicação social o tivessem feito. O caso foi resolvido internamente, nas devidas entidades e não na esfera pública.
O Diário de Santo Tirso segue uma política de não ceder ao sensacionalismo, apesar de recebermos com regularidade informações, vídeos e fotos de muitos casos que ocorrem em escolas e também noutros locais. O dever de informar não se deve sobrepor ao dever da responsabilidade social que um órgão de comunicação social deve ter. Mais importante ainda, a tentação de subir as audiências de forma fácil jamais se deve sobrepor ao dever de responsabilidade social. Somos líderes destacados de audiências no concelho de Santo Tirso e não precisamos nem queremos este tipo de notícias.
Na segunda-feira fomos fazer uma reportagem à Escola Secundária Tomaz Pelayo, uma palestra sobre direitos humanos. A caminho até nos cruzamos com uma equipa de reportagem de um conhecido canal de televisão. Outras equipas de reportagem já tinham estado presentes e abandonado o local. Fomos à escola para que o trabalho que aí foi desenvolvido nessa noite fosse transmitido para fora e para o nosso público. Enquanto estivemos na escola assistimos inclusive a vários telefonemas demonstrando a preocupações de pais e perguntando o que se passava na escola. Nada se passava, nem nada se passou, além do funcionamento normal da reconhecida instituição de ensino.
Temos total respeito e confiança pelo trabalho desenvolvido no Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo com quem trabalhamos com frequência, temos total confiança na direção do agrupamento, professores, auxiliares, associação de pais e todos os agentes envolvidos na comunidade escolar.
Trabalhamos inclusive em vários meios escolares durante todo o ano, com o Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo, Agrupamento de Escolas D. Dinis, Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques e Colégio de Santa Teresa de Jesus. E com mais podemos trabalhar. A nossa presença é solicitada diversas vezes e a nossa preocupação é transmitir ao nosso público o que de positivo é feito nestes meios escolares e para que o empenho e esforço que estes profissionais têm possa ter repercussão nos alunos e até nos pais.
Não noticiamos o caso desta semana, perdemos milhares de visualizações e perdemos alguma visibilidade. Mas ganhamos credibilidade.
João Fernandes