Diário de Santo Tirso

Discriminação e racismo… como são encarados os ciganos na nossa sociedade?

Imagem: Diário de Santo Tirso

Elementos do partido CHEGA visitaram ontem uma comunidade cigana em Vila das Aves para se inteirarem dos seus problemas e para ouvirem as suas reivindicações.

Artur Carvalho, ex-coordenador da concelhia do CHEGA de Santo Tirso, acompanha esta comunidade há seis anos, e como porta-voz do grupo efetuou um comunicado em que afirma acompanhar esta comunidade há cerca de seis anos: “Nas últimas eleições Autárquicas não estando ligado a nenhum partido, apresentei a situação destas famílias a Candidata do PSD e também apresentei ao Bloco de Esquerda, este partido enviou dois membros para uma reunião comigo a Vila das Aves onde descrevi a situação e até agora nem um telefonema. Também falei na altura com o Candidato do PS agora presidente da Junta que me disse caso fosse eleito iria resolver o problema ou melhor que bastava resolver com um e assim calava os outros. Na altura a reportagem que fizemos a única coisa que resultou foi alguns membros desta comunidade serem ameaçados pelas assistentes sociais da câmara que lhe retiravam apoios e lhe retiravam os filhos se continuassem a levantar os problemas que tem de habitação”.

O ex-coordenador do CHEGA de Santo Tirso refere que a “comunidade vive a mais de dez anos nestas condições de habitação, sem água canalizada, sem casas de banho, no que todos podem verificar neste local. O estado há muito que se demitiu de dar condições de vida a esta gente, não basta o estado dar o RSI”.

Artur Carvalho critica o estado português por anunciar “com pompa e circunstância a aceitação de entrada no nossos pais de refugiados onde lhes dá casa, dinheiro e condições de vida que não dá aos sem abrigo que cada vez mais são neste pais assim como estas comunidades marginalizadas pelo estado”, e critica também o poder local por não verificar “nos serviços camarários e das juntas de freguesia para trabalho por exemplo: nos serviços de limpeza e noutros serviços possíveis a admissão de membros desta comunidade. Se nos serviços do estado não são admitidos para trabalho como podem ser aceites noutras empresas quando recebem as cartas do Fundo Desemprego e vão as entrevistas e nada resulta”.

“Esta comunidade aloja cerca de quarenta pessoas, distribuídas por quatro casas com várias carências primárias como é o caso de água canalizada. Armando, um morador desta comunidade queixa-se da falta de oportunidades de emprego para pessoas de etnia cigana, refere que estão inscritos no centro de emprego mas quando são chamados para oportunidades de emprego sentem logo a rejeição por serem ciganos. Os moradores reivindicam melhores condições de habitação e ajuda na integração social, referem que em Vila das Aves há racismo em relação à etnia cigana”, completa o militante do CHEGA.

Manuel, residente numa habitação social em Sequeiró estava presente nesta comunidade de Vila das Aves e quis também dar o seu testemunho, referindo que também sente na pele a falta de oportunidades de emprego por ser de etnia cigana. Queixou-se de falta de apoio social, referindo que chegou a viver numa carrinha com a esposa e os filhos durante um mês e não recebeu nenhum tipo de apoio por parte da ação social mesmo expondo a sua difícil situação.

Agostinho Soares também deixou o seu testemunho referindo o mesmo, falta de oportunidades de emprego. Com 59 anos diz nunca ter trabalhado, “nunca me deram trabalho, são racistas, sou cigano não tenho direito a trabalhar”. Reside também na habitação social em Sequeiró e queixa-se da falta de apoio para poder restabelecer a ligação da água que foi cortada por falta de pagamento, refere que lhe foi negado um acordo de pagamento e lhe são exigidos 150€ para efetuar o restabelecimento do contrato, não conseguindo nenhum tipo de apoio social para poder voltar a ter água em casa.

O Diário de Santo Tirso visitou três casas desta comunidade e verificou as más condições em que as mesmas se encontram, para além da falta de água as casas têm vários problemas de humidade, buracos nas paredes e tetos em risco de queda. De destacar que apesar destas más condições estruturais, encontramos três casas arrumadas e limpas.

Imagem: Diário de Santo Tirso
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