A Câmara Municipal de Santo Tirso inaugura, no próximo sábado, 27 de novembro, o Centro de Arte Alberto Carneiro, que terá como principal objetivo a gestão do acervo do escultor, falecido em 2017. Será, também, um espaço vocacionado para a salvaguarda, investigação e divulgação da arte contemporânea.
A inauguração ocorre seis anos após ter sido assinado o contrato de doação que o artista formalizou com o Município de Santo Tirso, outorgando a propriedade de 60 obras, entre esculturas e desenhos, com vista a constituir a coleção permanente do Centro de Arte que agora abre portas.
Além das obras do escultor, o acervo é, também, constituído pela biblioteca particular de Alberto Carneiro, composta por mais de sete mil livros e revistas da especialidade. Este espólio foi cedido pela família à Câmara Municipal, que protocolou com os herdeiros a sua inventariação, tratamento e disponibilização pública.
A biblioteca é composta por monografias, teses académicas, atlas de conferências, imprensa e livros sobre movimentos e artistas do século XX – com especial incidência no dadaísmo, construtivismo russo, neo-vanguardas dos anos de 1960, Marcel Duchamp e Alberto Giacometti, entre outros. Inclui, ainda, publicações sobre artes primitivas e artes orientais, filosofia, antropologia, etnografia, psicologia e psicanálise, que cobrem os principais eixos do pensamento teórico ocidental do século XX e, em particular, dos anos 1960-2000. Da coleção fazem também parte obras de poesia (sobretudo portuguesa) e catálogos de exposição que cobrem a atividade artística nacional e internacional ao longo dos últimos 60 anos.
O Centro de Arte ocupa um espaço com cerca de 1100 metros quadrados, composto por um piso térreo e uma cave. A sua instalação envolveu a recuperação de um dos edifícios industriais da Fábrica de Santo Thyrso, segundo um projeto da autoria do arquiteto Nuno Pinto.
O presidente da Câmara Municipal, Alberto Costa, considera que “a inauguração do Centro de Arte Alberto Carneiro é um momento único para Santo Tirso, que se assume, definitivamente, como cidade de referência da arte contemporânea, a nível nacional e internacional”.
“A concretização deste ambicioso projeto cultural vem complementar o Museu Internacional de Escultura Contemporânea, inaugurado em 1997 e composto por mais de 50 esculturas ao ar livre, distribuídas pelos espaços verdes e jardins da cidade”, sublinha Alberto Costa.
O autarca realça, ainda, que “Alberto Carneiro é um dos nomes maiores da arte portuguesa da segunda metade do século XX e do início do século XXI, autor de um vastíssimo número de obras que podemos encontrar em espaços públicos de todo o mundo, pelo que a criação deste Centro de Arte, com o seu nome e as suas esculturas, é um enormíssimo motivo de orgulho para Santo Tirso”.
Por outro lado, o presidente da Câmara destaca o significado e as potencialidades deste novo equipamento cultural. “A Fábrica de Santo Thyrso, onde nasce o Centro de Arte Alberto Carneiro, é cada vez mais um grande centro de inovação e criatividade, diferenciador e dinamizador da economia, facilitador do empreendedorismo e que irá contribuir para uma nova centralidade da cidade”, refere Alberto Costa.
O Centro de Arte inclui uma exposição permanente constituída por obras de Alberto Carneiro – esculturas e desenhos – e será, também, espaço de exposições temporárias dedicadas à arte contemporânea, que se enquadrem nos valores artísticos fundamentais do escultor. Será um local de diálogo e de confronto de várias correntes artísticas, integrador e inclusivo, de forma a poder afirmar‑se como um ponto de referência na dinamização de projetos inovadores no âmbito das artes plásticas e de desenvolvimento cultural da região onde se insere.
A sua atividade será reforçada por outras iniciativas de índole pluridisciplinar, de natureza científica e pedagógica, através da realização de encontros científicos e da implementação de programas educativos capazes de criar públicos, estimular a reflexão e originar uma relação estreita com a comunidade local, contribuindo assim para o seu desenvolvimento socioeconómico.
O Centro de Arte Alberto Carneiro representa um investimento de cerca de 1,3 milhões de euros, com financiamento do Programa Norte 2020 no valor de aproximadamente 600 mil euros.
No próximo sábado, em simultâneo com a abertura do espaço, também o Museu Internacional de Escultura Contemporânea irá inaugurar a exposição “A Natureza em Movimento”, que tem por base o espólio artístico de Alberto Carneiro pertencente à viúva do escultor, Catarina Rosendo, e que se encontra em depósito no Município de Santo Tirso.
Esta exposição, que ficará patente até ao próximo dia 27 de fevereiro, apresenta um conjunto de obras que cobre a quase totalidade das mais de cinco décadas de trabalho do artista.