Na Assembleia Municipal do dia 22 de junho, o Bloco de Esquerda de Santo Tirso propôs a alteração do nome da rua do Dr. Oliveira Salazar para o de Rosinda Teixeira. A proposta foi reprovada com os votos contra do PS e abstenção do PSD.
Num comunicado enviado às redações, os bloquistas lamentam a decisão da Assembleia Municipal.
O PS votou contra a recomendação do Bloco, rejeitando-a, e o PSD absteve-se. Os deputados municipais do PS consideram que o assunto deve ser enquadrado numa revisão futura da toponímia do concelho, que não foi anunciada.
Antes de mais, note-se que Maria Rosinda Teixeira foi assassinada, em maio de 1976, pela explosão de uma bomba em São Martinho do Campo, num atentado dos operacionais liderados por Ramiro Moreira. Esta tirsense foi uma das vítimas das ações violentas da rede bombista de extrema-direita após o 25 de abril. Este ato seria uma homenagem, embora tardia, a uma munícipe que simboliza a resistência antifascista.
Ainda existem, 48 anos após o 25 de abril de 1974, alguns concelhos portugueses com o nome de Oliveira Salazar nos seus arruamentos. Santo Tirso é um deles.
Uma placa de rua não é historiografia, mas uma homenagem de uma comunidade do presente a uma figura venerável do passado. Salazar foi antidemocrata porque escolheu ser. Por que motivo a democracia, que se construiu contra a ditadura, o homenageia?
Antes do 25 de abril, as autarquias eram controladas pelo governo. Portanto, as placas colocadas antes desta data não representam uma homenagem genuína do povo, mas um ato de vassalagem dos municípios ao regime salazarista.
Quem afirma que substituir o nome da rua é “revisionismo histórico” deve atender ao salazarismo falsificador que manipulou a imagem histórica. O regime criou uma imagem do passado em que este era veiculado como o caminho para o surgimento do salvador da pátria. Ao falar de «apagar a História», estão a referir-se à que corre no senso comum – falsificada por Salazar – ou à História baseada em investigação?
Hoje, a toponímia está democratizada e os munícipes devem decidir se querem, ou não, manter o nome do ditador numa rua da cidade. É esta mudança que o Bloco de Esquerda de Santo Tirso quer desencadear, tendo lançado uma petição pública que reúne, até ao momento, mais de 60 assinaturas. Continuaremos a lutar por esta mudança.