O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda propôs que a Assembleia da República recomende ao Governo a Valorização do Património Industrial do Vale do Ave, tendo apresentado um projeto de resolução.
O Bloco defende que para que essa valorização seja feita é necessário:
- Solicitar à Direção Geral do Património Cultural (DGPC) um levantamento dos imóveis industriais do Vale do Ave, tendo em vista uma eventual classificação dos mesmos;
- Ciar uma linha de financiamento para investigação científica da Fundação para a Ciência e a Tecnologia com o objetivo de aprofundar o conhecimento científico e académico sobre o objeto em causa;
- Elaboração de um novo Roteiro Histórico do Património Industrial do Vale do Ave através do Turismo de Portugal e do Turismo do Porto e Norte de Portugal.
O Diário de Santo Tirso esteve à conversa com o Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Luís Monteiro, com Ana Isabel Silva, Presidente da concelhia de Santo Tirso do Bloco de Esquerda e com Paulo Oliveira, membro do Bloco de Esquerda de Santo Tirso para perceber o objetivo desta proposta e a importância da mesma para o desenvolvimento cultural do concelho de Santo Tirso.
Luís Monteiro refere que esta proposta nasceu da necessidade que já existe há muito tempo em Portugal de haver uma maior preocupação de salvaguarda do património industrial. O deputado bloquista salienta que na região do vale do Ave há um conjunto de particularidades sociais, históricas e ideográficas para que exista um estudo mais aprofundado sobre essa realidade. Luís Monteiro diz que na zona de Santo Tirso e de Vila das Aves há um património brutal do ponto de vista daquilo que foi o processo de industrialização do país e defende que deve haver uma salvaguarda desse património para que a história da industrialização que contribuiu para o desenvolvimento do concelho de Santo Tirso não seja perdida com o desaparecimento dos edifícios industriais históricos.
Em 2002 foi criada a ADRAVE, Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Ave, criada por um conjunto de municípios do Vale do Ave e outros intervenientes e tinha como objetivo criar um roteiro industrial do Vale do Ave mas o projeto não teve seguimento.
Luís Monteiro disse ainda que o Bloco de Esquerda pretende através da concelhia de Santo Tirso ter uma visão local de forma a poderem trabalhar na dinamização de uma campanha de intervenção cidadã para salvaguarda do património.
Paulo Oliveira enumerou vários exemplos de empresas históricas do concelho de Santo Tirso, nomeadamente a Fábrica do Arco que referiu ter sido das melhores empresas de fio da Europa, e que está a desaparecer com a construção de uma nova zona comercial. A Fábrica do Figueiredo que parte da mesma foi reconstruída e até estava previsto a instalação de uma empresa de extração de água mas não avançou, estando o edifício ao abandono ainda com alguma maquinaria que poderia ser usada para exposição. A Fábrica do Rio Vizela, que está a ser ocupada por novas empresas mas que ainda assim possui maquinaria antiga passível de ser exposta. Um conjunto de empresas que fazem parte da história do concelho mas não estão a ser aproveitadas para o enriquecimento cultural da nossa região.
Ana Isabel Silva defende que para além da preservação dos edifícios também serão importantes os testemunhos das pessoas que trabalharam naquelas empresas para poder ter uma visão política e social daquilo que acontecia e que as gerações futuras já não vão conhecer.
Anexamos a este artigo o documento entregue pelo Bloco de Esquerda na Assembleia da República: PJR Património Industrial do Vale do Ave