A candidata à Câmara Municipal de Santo Tirso pelo Bloco de Esquerda, Ana Isabel Silva, pediu para intervir na última Assembleia Municipal relativamente à zona industrial da Picaria e aos alegados crimes ambientais ocorridos nos últimos meses.
Na Assembleia Municipal realizada em abril, tinha sido Paulo Oliveira, candidato à União de Freguesias de Santo Tirso, Couto (S. Cristina e S. Miguel) e Burgães quem tomou a palavra para alertar sobre os mesmos problemas: “As descargas poluentes numa ribeira afluente do rio Sanguinhedo junto à zona industrial da Picaria em Santo Tirso são hoje recorrentes. A mais recente ocorreu ainda neste mês de abril tendo coberto de espuma as águas da ribeira. Em ocasiões anteriores além de espuma as descargas tingiram as águas de vermelho durante vários dias. Verificaram-se várias situações em que a ribeira corria com água colorida, azul e outras de amarelo”.
O Diário de Santo Tirso tem também denunciado várias situações de poluição na referida zona industrial:
https://www.diariodesantotirso.pt/psp-esta-a-investigar-agua-avermelhada-no-rio-sanguinhedo/
https://www.diariodesantotirso.pt/novas-alegadas-descargas-poluente-em-ribeira-de-santo-tirso/
https://www.diariodesantotirso.pt/poluicao-continua-um-dia-depois-da-policia-e-bombeiros-terem-estado-na-zona-industrial-da-picaria/
Após terem passado mais dois meses e sem se vislumbrar qualquer solução o tema voltou então a ser abordado por Ana Isabel Silva.
Intervenção do Bloco de Esquerda: “Na última assembleia municipal o senhor presidente da câmara e o executivo foram questionados por Paulo Oliveira, em nome do Bloco de Esquerda de Santo Tirso, sobre a zona industrial de Picaria. A pergunta prendia-se com a existência de um conjunto de problemas ambientais que ocorreram após a criação desta zona industrial. Para além das frequentes descargas poluentes numa ribeira afluente do rio Sanguinhedo junto da zona industrial, quando chove intensamente é comum ocorrerem inundações nos terrenos contíguos à margem da ribeira e as linhas de água existentes nas proximidades desta zona industrial”.
Pareceres desfavoráveis: “Tudo isto aconteceu após o final do ano de 2017 aquando dos vários pareceres desfavoráveis da administração central ao Plano de Pormenor da Zona Industrial da Picaria. Agências como a APA, a Associação Portuguesa do Ambiente e a CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte. Também o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas emitiu um parecer negativo ao Plano de Pormenor da Zona Industrial da Picaria. Questionado o Ministério do Ambiente sobre esta situação pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda o ministério admite que a APA identifica irregularidades nas proximidades da zona industrial e reforça os pareceres desfavoráveis das várias entidades”.
Resposta do Presidente da Câmara: “Estas questões como disse foram colocadas na última Assembleia Municipal realizada a 29 de abril quase há dois meses. Pensávamos nós que o presidente e o seu executivo se tinha esquecido de responder. No entanto ficamos contentes e agradecidos que hoje em dia de Assembleia Municipal nos tenha chegado a tão desejada resposta por correio azul. Agradecemos este cuidado. No entanto apesar de contentes com a existência de uma resposta o seu conteúdo deixou muito a desejar. Apesar de uma pergunta bastante simples o executivo não foi capaz nem de defender a legalidade do projeto nem a escolha política para o mesmo. Preferiu, vício talvez de quem não consegue encaixar qualquer crítica ou reparo, partir para o insulto gratuito e vazio ao Bloco de Esquerda. Diz o senhor Presidente e passo a citar «não fica bem ao bloco afirmar que várias entidades da administração central haviam dado parecer desfavorável sobre o Plano de Pormenor da Zona Industrial da Picaria e omitir o fim da gestão». Ou seja a conclusão do processo de licenciamento daquela zona industrial. Antes de mais e não somos nós que dizemos mas sim o Ministério do Ambiente estas entidades continuam a ter reservas sobre a construção desta zona industrial. Segundo, sabe qual será o vilão da história Senhor Presidente? É termos a sociedade e os Tirsenses a pagar as externalidades ambientais destas empresas e das irresponsabilidades da subserviência políticas. Diz também o Senhor Presidente que este plano esteve em discussão pública a partir de 2018 sem que o bloco tenha feito qualquer sugestão ou reclamação. Muito do género, falem agora ou calem-se para sempre”.
Críticas ao executivo municipal: “Se por um lado a câmara não pode ir contra a lei pelo facto de ter havido consulta pública será o presidente da câmara quem tem a competência de dizer aos cidadãos ou a outros partidos políticos quando podem ou não discordar politicamente das escolhas do executivo. Não compete ao executivo fazer considerações sobre o que é a proposta ou a intervenção do bloco quando este pede esclarecimentos. Diz também o Senhor Presidente e passo a citar «no mundo que não é o real é possível desejar-se sol na eira e chuva no nabal». Isto num documento oficial da Câmara Municipal. Diz também «aí é possível desejar-se ter duas coisas opostas em simultâneo, emprego sem investimentos no mundo que é real não é possível ter tudo». Senhor Presidente o mundo da ilegalidade é que não é real, e defender o autêntico faroeste é que não pode ser o mundo real porque no meio de todas estas respostas e insultos baratos o que o senhor presidente se esqueceu de mencionar é que há já uma queixa aberta no Ministério Público.”
Medidas a tomar para combater os alegados crimes ambientais em Santo Tirso: “Durante muito tempo assumimos que para termos emprego e investimentos tínhamos de abdicar do nosso futuro. Mas será a minha geração que irá pagar pela inoperância do seu executivo e pela contínua subserviência aos interesses dos grandes industriais. Por isso Senhor presidente volto-lhe a perguntar, vai o executivo tomar medidas para que sejam resolvidos os problemas ambientais ocorridos após a criação da zona industrial da Picaria em Santo Tirso? Se sim, que medidas vão ser tomadas e quando vão ser aplicadas tais medidas?”
O Presidente da Assembleia Municipal, Rui Ribeiro, questionou se o Presidente da Câmara Municipal, Alberto Costa, pretendia responder às questões colocadas. Alberto Costa respondeu que não iria tomar a palavra.